RESUMO
As
noções de higiene surgiram quando o homem, vivendo em comunidade, sentiu que
esse estreito relacionamento oferecia agravos à saúde, facilitando a
disseminação de doenças. Com o correr dos anos, tem-se observado uma evolução
muito acentuada da Epidemiologia. Até bem pouco tempo, esta ciência estava a
serviço apenas dos estudos sobre epidemias de doenças infecto-contagiosas.
Atualmente, é matéria básica indispensável aos estudos descritivos, analíticos
e preventivos das doenças crônico-degenerativas e dos agravos à saúde, alem das
doenças infecciosas incidentes na comunidade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1 – POLÍTICAS
SOCIAIS DE SAÚDE NO BRASIL................................................ 3
1.1 História Natural da Doença.................................................................................. 3
1.2 Prevenção............................................................................................................... 3
1.3 Objetivo da Epidemiologia.................................................................................... 4
1.4 Prevalência e Incidência....................................................................................... 5
1.5 Epidemiologia Descritiva...................................................................................... 6
1.5.1 Epidemiologia analítica.................................................................................... 6
1.5.2 Estrutura epidemiológica................................................................................. 6
1.6 Mecanismos de Transmissão
de Doenças............................................................ 7
1.6.1 Transmissão de doenças
por meio da água..................................................... 7
1.6.2 Doenças transmitidas por
alimentos................................................................ 8
1.6.3 Controle de ratos e
insetos............................................................................... 8
1.6.4 Uso de desinfetantes e
soluções cloradas......................................................... 9
1.7 Transmissão e Prevenção das
Doenças Infecciosas mais Freqüentes............. 12
1.7.1 Tuberculose.................................................................................................... 12
1.7.2 Hanseníase..................................................................................................... 12
1.7.3 Tétano............................................................................................................. 13
1.7.4 Cólera............................................................................................................. 13
1.7.5 Difteria........................................................................................................... 14
1.7.6 Coqueluche..................................................................................................... 14
1.7.7 Botulismo........................................................................................................ 15
1.7.8 Febre Tifóide.................................................................................................. 15
1.7.9 Escarlatina..................................................................................................... 15
1.7.10 Sífilis............................................................................................................. 16
1.7.11 Processos supurativos.................................................................................. 16
1.8 Vacinação de Rotina em
Saúde Pública............................................................ 17
1.8.1 Vigilância epidemiológica.............................................................................. 17
1.9 Saneamento Básico.............................................................................................. 18
1.10 Saúde Mental..................................................................................................... 19
1.11 Conceitos de Anormal,
Normal e de Causas em Saúde Mental.................. 23
1.12 Doenças Genéticas............................................................................................. 24
1.13 Saúde Ocupacional............................................................................................ 25
1.13.1 LER /DORT.................................................................................................. 25
1.13.2 Stress............................................................................................................ 26
1.13.2.1 Stress ocupacional................................................................................. 26
1.13.2.2 Stress do trabalho.................................................................................. 27
1.13.2.3 Workholic – mania de trabalho.............................................................. 27
1.13.3 Ergonomia e a saúde
ocupacional............................................................... 27
1.13.4 A psicopatologia do
trabalho....................................................................... 28
1.14 Aspectos Epidemiológicos
da Qualidade de Vida........................................... 29
CONCLUSÃO............................................................................................................... 31
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 32
Formalmente originada no século passado, só
recentemente a epidemiologia foi tratada como ciência. Para isso influenciaram
as pesquisas sobre inúmeras doenças, definidas em grande parte graças à
aplicação do método epidemiológico. O fato tem demonstrado que, por meio desse
método, é possível detectar causas imediatas antes mesmo da descoberta do seu
agente etiológico.
John Snow, considerado o pai da epidemiologia, por
ocasião de uma epidemia de cólera em Londres, em 1849, concluiu pela associação
causal entre a doença e o consumo de água contaminada por fezes de doentes,
rejeitando a hipótese de caráter miasmático, muito em voga naquela época. Anos
depois, seus estudos foram confirmados em laboratório pelo isolamento e pela
identificação do Vibrio cholerae nos
dejetos de doentes.
Do meado do século passado até o início do século
XX, a epidemiologia tinha o campo de ação restrito, mais voltado para o combate
às epidemias e para o controle das endemias de doenças transmissíveis, que
assolavam a humanidade. Com a melhoria do nível de vida, especialmente nos
países desenvolvidos e conseqüente declínio das doenças infecciosas, as outras
enfermidades (câncer, diabetes, cardiopatias) passaram também a ser objeto de pesquisas
epidemiológicas.
Atualmente, além de estudos descritivos sobre
doenças infecciosas e não infecciosas, compete à epidemiologia,
primordialmente, desenvolver pesquisas de causalidade concernentes à saúde das
comunidades.
Epidemiologia pode ser conceituada como sendo a
ciência que estuda as condições de saúde e a distribuição das doenças em uma
comunidade, analisando suas causas e levando sempre em conta o hospedeiro, o
meio e o agente etiológico, a fim de sugerir medidas específicas de prevenção, de
controle ou de erradicação. (ROUQUAYROL & LIMA, 1982).
A epidemiologia é o fulcro da saúde pública.
Representa o lastro principal para avaliação de medidas de profilaxia,
fornecendo pistas para a diagnose de doenças transmissíveis e não
transmissíveis e apresentando dados para a verificação da consistência das
hipóteses de causalidade. Além disso, estuda a distribuição da morbidade e da
mortalidade nas comunidades, determina os testes de eficácia e de inocuidade
das vacinas, testa a toxicidade de produtos usados na profilaxia das endemias,
desenvolve a vigilância epidemiológica, verifica os fatores ambientais e
socioeconômicos que interagem com as doenças e com as condições de saúde e atua
diretamente junto à comunidade e ao governo, constituindo-se em um elo de
ligação das comunidades com os órgãos de saúde, a fim de indicar as medidas de
prevenção e de controle a serem adotadas, dentro dos recursos disponíveis e dos
objetivos a serem atingidos.
Denomina-se história natural da doença um conjunto
de processos interativos compreendendo:
As interações do agente, do suscetível e do meio ambiente que
afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que
criam o estimulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar,
passando pela resposta do homem ao estimulo, até as alterações que levam a um
defeito, invalidez, recuperação ou morte (LEAVEL & CLARK, 1976).
A história natural da doença apresenta o desenvolvimento
em duas vertentes seqüenciadas: a vertente epidemiológica e a vertente
patológica. Na primeira, o interesse é dirigido para as relações agente
suscetível –ambiente; na segunda, interessam as modificações que se passam no
organismo vivo. Abrange dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente
exclusivos que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem os agentes, e o meio
interno, onde se desenvolve a doença. O homem se faz presente em ambos.
Segundo Ferrara (1976), “saúde pública é a ciência e arte de prevenir as doenças,
prolongar a vida, promover a vida, promover a saúde e a eficiência física e
mental, mediante esforços organizados da comunidade”. A epidemiologia
estabelece ou indica, e avalia os métodos e processos usados pela saúde
pública, para prevenir as doenças.
A prevenção
deve anteceder a ação dos especialistas em saúde, que é uma ação antecipada,
com base no conhecimento da história natural, tendo por objetivo interceptar ou
anular a evolução da doença (LEAVEL
& CLARK , 1976).
A prevenção pode se dar de várias formas, conforme
se menciona a seguir.
·
Prevenção
Primária
A promoção da saúde é feita por meio de medidas de
ordem geral. O resultado dessas medidas é o aumento da saúde e do bem-estar
geral (LEAVEL & CLARK, 1976). Ou seja, moradia adequada, escolas, áreas de
lazer, alimentação adequada, educação sanitária, saneamento ambiental e
prevenção específica, como imunização, saúde ocupacional, higiene pessoal e do
lar, proteção contra acidentes, aconselhamento genético, tratamento de água,
tratamento de esgotos e lixo e medidas de controle aos vetores.
·
Prevenção
Secundária
A prevenção secundária é fundamentada no diagnóstico
precoce, com inquéritos para a descoberta de casos na comunidade, exames
periódicos e individuais, para a detecção precoce de casos, isolamento, para
evitar a propagação de doença, e tratamento.
·
Prevenção
Terciária
A prevenção terciária é fundamentada na reabilitação
ou impedimento da incapacidade total, fisioterapia e terapia ocupacional.
A epidemiologia tem o seu campo de atuação definido
pela intersecção de dois grandes grupos de eventos ocorrentes no mundo
circunstante. Em primeiro lugar, trata se de acontecimentos que ocorrem em
grupos humanos, não sendo, portanto, do seu interesse o fenômeno individual.
Acontecimentos vitais incidentes sobre grupos organizados em sociedade, ou
fenômeno individuais que possam vir a ter influência coletiva, constituem seu
material de estudo. Por outro lado, de todos os acontecimentos que ocorrem
sobre os agrupamentos humanos, são os referentes à saúde ou à doença os que
interessam.
A epidemiologia lida com variáveis populacionais
vinculadas ao campo dos assuntos sanitários. Segundo Barker (1976), a
quantificação dessas variáveis deve ter por objetivo elaborar conhecimento que
venha servir aos seguintes propósitos: prover dados necessários ao planejamento e avaliação dos
serviços de saúde; identificar os fatores determinantes de doenças e permitir a
sua prevenção; avaliar os métodos usados no controle das doenças, descrever a
história das doenças e classificá-las.
O objetivo final da epidemiologia é colocar à
disposição do homem conhecimentos e
tecnologia que possam promover a saúde individual por meio de medidas de
alcance coletivo. No entanto, apesar de sua preocupação final ser a saúde, os
dados com os quais lida são os de não-saúde, morte e doença, centrados no homem
e em fatores de degradação e inadequação do ambiente.
Em estudos epidemiológicos, a variável dependente é
sempre expressa em número de pessoas acometidas de uma determinada doença, ou
falecidas. Os dados colhidos diretamente das fontes de informação, ou gerados
por meio de observações controladas, são dados não trabalhados e tomam a
designação de valores absolutos. Os valores absolutos, quando relacionados à
variável, independentemente passam a ser denominadas freqüências absolutas
associadas à referida variável. É o caso das diferentes categorias de
mortalidade e morbidade referidas anteriormente. Sua utilidade na investigação
e descrição epidemiológica se restringe a eventos localizados no tempo e no
espaço, não ensejando possibilidade de comparações temporais ou geográficas.
Em saúde pública, as terminologias epidemiológicas
apresentam alguns conceitos próprios como prevalência, que é o termo descritivo
da força com que subsistem as doenças nas coletividades. A medida mais simples
para a prevalência é a freqüência absoluta dos casos de doenças.
Os conceitos veiculados pelos termos “prevalecer” e “incidir”
possuem em comum, como idéia central, a ação de acontecer. Assim, “prevalecer”
deve ser compreendida como a seqüência das ações de acontecer e permanecer
existindo num momento considerado, enquanto que “incidir” denota simplesmente a
ação de acontecer sem necessidade de acréscimos complementares. A ciência
epidemiológica apropriou-se de ambos os conceitos, dando-lhes feição nova, sob
a forma dos termos “incidência” e “prevalência”. Incidência, em epidemiologia,
traduz a idéia da intensidade com que acontece a morbidade em uma população,
enquanto que prevalência é o termo descritivo da força com que subsistem
as doenças nas coletividades.
Segundo Isaac Newton (1704), pelo caminho da análise
pode-se proceder dos compostos aos ingredientes e dos movimentos às forças que
os produzem. Desse conceito, chega-se à epidemiologia analítica como sendo a
parte da epidemiologia que busca reduzir fatos simples observáveis e situações
globais de doença que afetam comunidades e determinam as relações entre esses
fatos. Rouquayrol & Lima (1982) englobam os estudos de associação entre
fatos observáveis, mediata ou imediatamente relacionáveis a doenças, sendo
estas vistas sob o ponto de vista de sua incidência sobre grupos populacionais.
Seu objetivo maior, o qual preside e dá sentido ao pensamento desenvolvido sob
sua cobertura, é o conhecimento das causas determinantes das doenças, que
afetam grupos significativos de pessoas.
Seu conhecimento próprio tem como ponto de partida
os da epidemiologia descritiva, formando, por sua vez, a base informativa sobre
a qual assentam o controle e a prevenção das doenças. Assim, a epidemiologia se
processa integradamente nos níveis de descrição, de inquirição e de ação (BUNGE,
1980).
Estrutura epidemiológica é o conjunto formado pela doença e por seus fatores determinantes,
vinculados ao ambiente, ao agente etiológico e ao suscetível, conjunto este
dotado de uma organização interna que define as suas interações e também é
responsável pela produção da doença. A estrutura epidemiológica tem
funcionamento sistêmico. Cada vez que um dos componentes sofrer alguma
alteração, está repercutirá e atingirá os demais, num processo em que o sistema
busca novo equilíbrio. Um novo equilíbrio trará consigo uma maior ou menor
incidência de doenças, sua sazonalidade, sua variação cíclica e seu caráter,
epidêmico ou endêmico.
São sistêmicos todos os fatores que, quando
inseridos, removidos ou alterados, modificam, aumentando ou diminuindo a
incidência de doença na população considerada.
O conhecimento dos fatores sistêmicos em equilíbrio
é fundamental para o alcance da finalidade epidemiológica como ciência:
prevenção e controle das doenças, mantendo-se otimizado e ecológico, com um
mínimo de degradação do meio ambiente.
Segundo Jenicek & Cleroux (1982), a doença pode
ser definida como um desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do
organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto. O
processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, ou de
um sistema, ou de todo o organismo, ou de suas funções vitais.
Na abordagem sistêmica, na qual não entra em
consideração o processo evolutivo da doença, os fatores a serem considerados
devem pertencer univocamente ao ambiente, ou ao agente patogênico, ou ao
suscetível.
A transmissão das doenças infecciosas é determinada
pela totalidade dos fatores vinculados ao ambiente, ao agente etiológico e ao
hospedeiro. Na transmissão indireta, os fatores ambientais desempenham papel
fundamental. Na transmissão direta, os fatores próprios do novo hospedeiro,
poder aquisitivo, normas de conduta, nível de instrução e higiene pessoal são
cruciais. Os fatores vinculados ao agente etiológico não determinam o tipo de
transmissão. Seu poder de patogenicidade poderá ser exercido tanto na
transmissão direta quanto na indireta.
Por
intermédio da água, muitas doenças podem ser transmitidas ao ser humano. São as
chamadas doenças de veiculação hídrica, em que a água serve como meio de transporte de agentes
patogênicos eliminados pelo homem por meio de dejetos ou poluentes químicos e
radioativos, presentes em esgotos industriais.
A
água é normalmente habitada por vários tipos de microorganismo de vida livre e
não parasitária que dela extrai os elementos indispensáveis à sua
sobrevivência. Há organismos patogênicos que, utilizando a água como veículo,
constituem-se em perigos sanitários potenciais. É interessante notar que a
quase totalidade dos microorganismos patogênicos é incapaz de viver em sua
forma adulta ou de se reproduzirem fora do organismo que lhes serve de
hospedeiro. São vários os agentes de destruição natural de patogênicos nas
águas armazenadas. Além da temperatura, destacam-se os efeitos da luz, a
sedimentação, a presença ou não de oxigênio dissolvido, de parasitas ou
predadores de bactérias, substâncias tóxicas ou antibióticos produzidos por
outros microrganismos.
Os microorganismos patogênicos
são classicamente agrupados em vírus, bactérias e helmintos. Para cada grupo
determinam-se famílias, gêneros e espécies, que identificam os diversos agentes
causadores de doenças, denominados agentes etiológicos. Dessa forma, uma
bactéria do gênero vihrium, espécie Vcho/erae, é causadora da
cólera; um protozoário do gênero Giardia, espécie G. iam bija, provoca
a giardíase e a larva do helminto do gênero Taenia, espécie Tsohum, é
responsável pela teníase (JUNKIN, 1982).
A qualidade da matéria-prima
alimentar, as condições do ambiente de trabalho e as características do
material de limpeza são importantes, mas nada suplanta a importância das
técnicas de manipulação e a própria saúde dos manipuladores na epidemiologia
das doenças transmitidas por alimentos. Um interessante estudo feito por Arruda
(1998), nos Estados Unidos, listou as condições que mais freqüentemente foram
apontadas como causas predisponentes para os surtos de toxiinfecções ocorridas.
Duas décadas se passaram, mas os dados continuam atuais.
Como no caso a manipulação é
realizada pelo agente humano, genericamente classificado como manipulador, a
ele devem ser dirigidas as atenções iniciais (KINTON, 1999). Os panos de chão
devem ser separados de acordo com o local de uso (banheiro, cozinha, etc.)
(RÊGO, 1997). As luvas grossas usadas na limpeza devem ser lavadas, conforme a
técnica de lavagem das mãos, antes de serem retiradas. Desinfetá-las quando
sujas com sangue, fezes, urina ou vômito (RÊGO,
1997).
Na área urbana, as espécies mais
comuns de ratos encontradas são o Rattus norvegicus (ratazana ou rato de
esgoto), o Rattus rattus (rato preto ou rato de telhado) e o Mus
musculos (camundongo). O controle de roedores e de insetos é importante
para salvaguardar a saúde pública e prevenir perdas materiais e econômicas
(SILVA, 1996).
A anti-ratização e a
anti-insetização são medidas mecânicas, absolutamente necessárias, utilizadas
principalmente para modificar o ambiente, eliminando os meios que propiciem o
acesso a alimentos, água e abrigo, de forma a impedir a instalação e a
proliferação de ratos e insetos (SILVA, 1996).
Algumas medidas importantes são telar as janelas,
manter os ralos fechados, manter os alimentos protegidos, cuidados com o lixo,
etc. As medidas mecânicas são as mais adequadas, por serem mais eficazes. Os
venenos, isoladamente, ao contrário do que se pensa, não controlam estas
pragas, causando perigo à saúde das pessoas e ao meio ambiente. Portanto, só
devem ser utilizados em situações muito especiais e com a indicação do serviço
de saúde. O aparecimento de qualquer outro tipo de praga (formigas, carrapatos,
escorpiões, etc) deverá ser notificado
(SILVA, 1996).
Em instituições coletivas, as
soluções mais adequadas como desinfetantes são o hipoclorito de sódio (cândida)
e o álcool a 70%. Seu uso visa o rompimento da cadeia de transmissão das
doenças e a proteção do trabalhador (SILVA, 1996). Apesar de muitos alimentos serem melhor em
estado natural (por exemplo, as frutas e as hortaliças), outros só são seguros
quando estão tratados. Assim, convém sempre adquirir o leite pasteurizado, ao
invés do leite cru e, se possível, comprar frangos (frescos ou congelados) que
tenham sido tratados por irradiação ionizante. Ao se fazer compras, deve-se ter
em mente que os alimentos são tratados não somente para que se conservem melhor
como também para que se tornem mais seguros, sob o ponto de vista sanitário.
Alguns alimentos que se consomem crus, como as alfaces, devem ser lavados
cuidadosamente (SILVA, 1982).
Quando os alimentos cozidos são
deixados à temperatura ambiente, os microrganismos começam a se multiplicar.
Quanto mais se espera, maior o risco. Para não se correr perigos
desnecessários, convém comer os alimentos imediatamente depois de cozidos
(SILVA, 1982).
Quando se quer guardar as sobras
de alimentos cozidos, seu armazenamento deve ser feito em condições de calor
(acima de 60º C) ou de frio (abaixo de 10º C). Esta regra é vital se
se pretende guardar comida por mais de 4 ou 5 horas. No caso de alimentos para lactentes, o melhor é não guardá-los por
qualquer tempo. Um erro muito comum e principal causa de muitas intoxicações
alimentares são colocar na geladeira uma quantidade excessiva de alimentos
quentes. Em uma geladeira abarrotada, os alimentos cozidos não podem ser
esfriados internamente tão rápido quanto o desejado. Se a parte central do
alimento permanece quente (a mais de 10º C), por um período longo, os
microrganismos proliferam e alcançam rapidamente uma concentração suficiente
para causar enfermidades (SILVA, 1982).
Um alimento bem cozido pode
também se contaminar com um mínimo contato com alimentos crus. Esta contaminação
cruzada pode ser direta, como a que ocorre quando a carne crua de frango entra
em contato com alimentos cozidos. Mas também pode ser mais sutil. Assim, por
exemplo, não se deve jamais preparar um frango cru e após utilizar a mesma
tábua de cortar carne e a mesma faca para se cortar o frango cozido; do
contrário, poderiam reaparecer todos os possíveis riscos de proliferação
microbiana e de enfermidade conseqüente do que havia antes de se cozinhar o
frango (SILVA, 1982).
Deve-se se lavar as mãos antes de
se iniciar o preparo dos alimentos e após qualquer interrupção (em particular
se for trocar as fraldas do bebê e dar de mamar). Se estiver preparando certos
alimentos crus, tais como pescados, carne ou frango, deve-se lavar as mãos
antes de manipular outros produtos alimentícios. Em caso de infecção das mãos,
as mesmas devem ser cobertas antes de entrarem em contato com os alimentos. Não
se deve esquecer que certos animais de companhia (cães, pássaros e,
principalmente, tartarugas) albergam freqüentemente patógenos perigosos que
podem passar às mãos das pessoas e destas aos alimentos (SILVA, 1982).
Como os alimentos se contaminam
facilmente, convém manter limpas todas as superfícies utilizadas para
prepará-las. Não se deve esquecer que qualquer desperdício, migalha ou mancha
pode ser um reservatório de germens. Os panos que entram em contato com pratos
ou utensílios devem ser trocados diariamente e fervê-los antes de voltar a
usá-los. Também devem ser lavados com freqüência os panos de chão (SILVA, 1982).
Os animais, conforme já se disse,
podem transportar patógenos que originam enfermidades alimentares. A melhor
medida de proteção é guardar os alimentos em recipientes bem fechados (SILVA,
1982).
A água pura é tão importante para
o preparo dos alimentos quanto para ser bebida. Se a fonte de água não é
confiável, convém ferver a água antes de utilizá-la nos alimentos ou de
transformá-la em gelo para refrescar bebidas. Deve-se, sobretudo, ter cuidado
com a água utilizada para o preparo de comida para lactantes (SILVA, 1982).
A mortalidade por parasitose intestinal
associada com a desnutrição é um dos problemas mundiais mais importantes de
saúde pública, que está muito elevada em países subdesenvolvidos. A infecções associadas e influências climáticas
são fatores precipitantes da desnutrição (ORNELLAS, 1983).
Segundo Andrade & Macedo
(2000), se a população recebe alimentos com contaminação ambiental,
predispõe-se a freqüentes ataques de processos infecciosos, em particular
episódios de diarréia que provocam sérios agravos nutricionais. Sabe-se que a
diarréia atua como fator agravante e potencializador da desnutrição,
contribuindo significativamente para o aumento da morbidade e mortalidade.
A desnutrição aguda no paciente
grave submetido a estados hipercatabólicos, associada freqüentemente a
agressões específicas ao tratogastrointestinal (como uso intensivo de agentes
antimicrobianos ou a presença de infecções), leva a uma atrofia anatômica e
funcional progressiva do intestino, caracterizada por desaparecimento das
microvilosidades e diminuição das enzimas. A resultante final é uma síndrome de
má-absorção, que fecha o círculo vicioso, produzindo uma desnutrição mais grave
(BROOKS, 1982).
As bactérias também possuem a
capacidade de atuar sobre os ácidos biliares triidroxilados (ácido cólico).
Isso resulta em uma ação tóxica sobre a mucosa intestinal, interferindo nos
processos normais de absorção. A etiologia da afecção intestinal pode estar
diretamente relacionada a exposições repetidas a um ou vários agentes
microbianos, e a ocorrência direta dessas lesões sobre a mucosa intestinal
reflete-se num aproveitamento sensivelmente prejudicado dos nutrientes da
dieta, o que, em última análise, irá interferir negativamente sobre a curva de
crescimento de crianças negligenciadas e desprovidas de assistência sanitária
adequada (ANDRADE & MACÊDO,
2000).
Não há dúvidas que os programas
de treinamentos específicos para manipuladores de alimento são o meio mais
recomendável para transmitir conhecimentos e mudar atitudes sobre o assunto;
porém, os agentes que lidam com o controle de alimentos, seja qual for a sua
denominação profissional, têm também uma imensa responsabilidade de veicular
informações e contribuir para haver uma mudança de atitudes em prol de uma
manipulação mais sadia (RIEDEL, 1992).
Considera-se que o manipulador de
alimentos é um risco em potencial para a produção de refeições e, como tal,
necessita ser conscientizado por meio de treinamento, visando a melhoria da
qualidade higiênica de refeições oferecidas (RÊGO, 1999).
Percebe-se a importância do
esclarecimento e intensificação das orientações quanto aos cuidados básicos de
higiene na preparação de alimentos para a profilaxia de verminoses (BRANCO,
1999).
Agente: Mycobacterium
tuberculosis, bacilo de Koch.
Quadro
clínico: às vezes, só em fase avançada da doença surge a tosse contínua
com catarro, dor torácica, emagrecimento e febre e sudorese intensa. Com o
esforço da tosse, alguns vasos se rompem e o doente passa a eliminar catarro
com sangue (hemoptise). É aconselhado que uma tosse que persista por duas
semanas ou mais seja avaliada por um médico.
Tratamento: Rifampicina,
Isoniazida, Pirazinamida.
Agente: Mycobacterium
leprae
Quadro
clínico: é uma doença infecto-contagiosa, que afeta principalmente os
nervos e a pele. Atinge homens, mulheres, e crianças de todas as idades, tem
período de incubação de 3 a 5 anos. Os principais sintomas são o aparecimento,
na pele, de pontos com falta de sensibilidade. Geralmente, aparece apenas um
ponto no início. Antes de tudo, a pessoa perde o tato, depois a sensibilidade
térmica e, por último, a sensibilidade à dor, de forma que, embora sofra
queimaduras e espetadelas naqueles pontos, o doente não sente absolutamente
nada.
Os doentes de lepra
também podem apresentar lesões nervosas com dor, paralisia e atrofia muscular.
Em casos raros e adiantados, ou resistentes ao tratamento, aparecem também
deformidades no rosto, com ulcerações, queda das sobrancelhas, etc.
Tratamento: Dapsona,
Rifampicina, Clofazimina, PQT.
Agente: Clostridium
tetani.
Quadro
clínico: doença infecciosa, não contagiosa e, como o nome diz,
caracteriza-se por contraturas musculares. Os sintomas manifestam-se
primeiramente nos músculos da região do ferimento (tétano local).
Freqüentemente, também são atingidos os músculos mastigadores de maneira a
tornar difícil a abertura da boca (trismo). Gradualmente, a contratura se
estende a outros grupos de músculos, conferindo à doença feições
características. Riso sardônico, rigidez de nuca, abdômen em tábua. A morte
sobrevém com espasmos generalizados. É relativamente freqüente nos países
subdesenvolvidos. O Tetanus neonatorum é resultante da contaminação por
várias sujidades aplicadas no coto umbilical com o objetivo de acelerar a
cicatrização.
Tratamento: aplicação de SAT
(soro antitetânico) e relaxantes musculares.
Agente: Vibrio cholerae
Quadro
clínico: tem um período de incubação de 1 a 4 dias. Seu início é rápido,
com náuseas, vômitos, cólicos abdominais e diarréia profusa, com fezes
riziformes (aspecto de água de arroz). A perda rápida de água e sais minerais
conduz a um estado de desidratação, acompanhada de hipotermia, queda de pressão
arterial, anúria e colapso circulatório, acidose por perca de bicarbonato e, em
crianças, hiperkalemia. Mais de 90% das pessoas que contraem cólera permanecem
assintomáticas, podendo sofrer apenas uma diarréia branda, embora possam
transmitir a doença por cerca de 30 dias.
Tratamento: combate a
desidratação e a antibioticoterapia.
Agente: Corynebacterium
diphteriae, ou bacilo de Klebs Löfler
Quadro
clínico: doença infecto-contagiosa aguda que ataca, sobretudo, crianças de
1 a 4 anos. Caracteriza-se por febre, inflamação na garganta e manifestações
toxemicas. As amígdalas, pilares anteriores e úvula recobrem-se de um exsudato
pseudomembranoso, constituído de fibrina, leucócitos e epitélio necrosado,
efeito local da toxina secretada pelo bacilo diftérico. Nos casos graves, o
processo se estende à laringe e brônquios, causando asfixia (crupe). Esta
toxina, lançada na corrente sangüínea, poderá afetar o coração, o sistema
nervoso e os rins, entre outros órgãos. Há destruição local do palato mole,
provocando deformidades na fala.
Tratamento: soro antidiftérico
e antibióticos como penicilina, tetraciclina e cloranfenical.
Agente: Bordetella
pertussis.
Quadro
clínico: doença infecciosa, aguda, altamente contagiosa que lesa o trato respiratório,
produzindo tosse espasmódica característica. Inicia-se com uma coriza,
confundindo-se com um simples resfriado. Mais ou menos 10 dias depois, tem a
sua evolução característica. Sua gravidade varia com a idade, o estado geral e
a maior ou menor sensibilidade de cada indivíduo. Geralmente não é grave.
Tratamento: antibióticos de
largo espectro, principalmente cloranfenicol e tetraciclina. Devem ser evitadas
as situações que possam provocar acessos de tosse, ter uma boa alimentação, em
pequenas quantidades, preferencialmente na forma líquida, mantendo os ambientes
arejados e evitando a poeira.
Agente: Clostridium
tetani.
Quadro
clínico: o botulismo é uma toxicose aguda que aparece em algumas horas (2
a 48hs) após a ingestão de alimentos contaminados. Caracteriza-se por vômitos,
constipação intestinal, sede, visão dupla, dificuldade de deglutição e fala,
flacidez muscular generalizada e paralisia respiratória. A morte sobrevém em 20
a 70% dos casos.
Tratamento:
Antitoxina
botulímica polivalente (a, b, e), precocemente em dose maciça.
Agente: Salmonella
typhi
Quadro
clínico: o bacilo ataca principalmente o intestino, apresentando diarréia
com cólicas, febre e muitas vezes presença de sangue nas fezes. As toxinas produzidas
pelas bactérias caem na corrente sangüínea e determinam um quadro de erupção
cutânea ao nível de abdômen e um certo torpor pela impregnação no SNC (sistema
nervoso central).
Tratamento: Cloranfenicol.
Agente:
Streptococcus pyogenes.
Quadro
clínico: tem um período de incubação de 3 a 4 dias. É uma infecção aguda e
contagiosa, caracterizada por febre elevada, inflamação na garganta, exantema,
seguida de descamação. Durante o período de infecção, pode-se verificar uma
espécie de halo-claro e pálido ao redor da boca, o que constitui o sinal de
Filatov. Além disso, as papilas linguais mostram-se aumentadas de tamanho,
caracterizando a chamada "língua de framboesa".
Tratamento: Antibioticoterapia.
Agente: Treponema pallidum
Quadro
clínico: doença venérea endêmica, contagiosa e crônica. É provocada por um
treponema, gênero pertencente à família dos espiroquetas. Produz lesões de
caráter inflamatório e destrutivo em quase todos os órgãos. Após 15 ou 20 dias
do contágio, aparece uma pápula, ou manchas indolores e duras, chamadas cancro
sifilítico, que geralmente se localiza nas áreas genitais externas, mas também
pode apresentar-se em qualquer parte do corpo como, por exemplo, a boca, o ânus
e as mãos. Quando não é feito um tratamento adequado, as lesões da sífilis se
espalham por todo o corpo. Aparecem manchas rosadas de 5 mm de diâmetro,
afetando os folículos pilosos, o que provoca a queda dos pêlos em forma de
placas. Tudo isso acompanhado de dores ósseas e musculares, febre, perda de
peso e inapetência. Existem casos em que são afetados o coração, os rins e o
cérebro.
Tratamento: Penicilina.
Agente: Estafilococos e estreptococos.
Quadro
clínico: infecção onde ocorre a formação de pus em forma de abcessos
(coleção purulenta circunscrita, superficial ou profunda) e furúnculos (abcesso
subcutâneo). Inicia-se como zona de intensa inflamação, vermelhidão e calor em
uma área circunscrita da pele e que evolui para o desenvolvimento de uma bolsa
cheia de pus, que se abre para o exterior e drena o seu conteúdo; antrazes
(furúnculos que fistulam seu conteúdo para o exterior através de várias bocas);
feimões (abcessos que se desenvolvem ao longo do tecido subcutâneo, às vezes se
alastrando por baixo das aponeuroses). A espécie mais típica é o Staphilococcus
aureus, resistente a vários antibióticos, somente sensível à
Vancomicina. É a temível MARSA, bactéria super resistente, produzida pelo uso
indiscriminado de antibióticos.
Tratamento: Penicilina, e no
caso de infecção por MARSA, Vancomicina.
Vacinar significa induzir
artificialmente o organismo a produzir anticorpos contra determinada doença. As
pessoas podem ser resistente às doenças infecciosas de modo inespecífico ou
especifico, sendo este natural ou artificial.
A Organização Mundial de Saúde,
em sua filosofia de saúde para todos (OMS, 1982), insere como atividade
fundamental desse contexto a vacinação de todas as crianças em um esquema
mínimo, com o objetivo de prevenir pelo menos seis doenças: sarampo,
polioemielite, tétano, coqueluche, difteria e tuberculose.
A cobertura de vacinação tem sua
avaliação epidemiológica quanto ao nível de cobertura que é observada como
eficiente e capaz da realização das ações de vacinação com o objetivo de atingir as metas
programadas, o que é observado como eficácia.
Segundo a Lei nº 6.259, de
30.10.75, “a ação de Vigilância Epidemiológica compreende as informações,
investigações e levantamentos necessários á programação e a avaliação das
medidas de controle e de doenças e de situações de agravo á saúde” (MS/SNABS,
1977).
Em todos os Estados da federação
existem as unidades de vigilância epidemiológicas, estruturadas em Secretarias
Estaduais de Saúde, que integram o Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica.
De acordo com a legislação básica
sobre vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, as informações
principais para o funcionamento do Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica são as notificações compulsórias de doenças, as declarações e
atestados de óbitos, os resultados de estudo epidemiológicos, pelas autoridades
sanitárias, as notificações de quadros mórbidos inusitados e as demais doenças
que, pela ocorrência de casos julgados anormais, sejam de interesse para a
tomada de medidas de caráter coletivo.
Saneamento é definido pela
Organização Mundial de Saúde como “o controle de todos os fatores do meio
físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem estar físico, mental ou social”,
portanto tem como objetivo a promoção da saúde do homem em seu mais amplo
sentido.
O saneamento tem sua ação no
abastecimento de água, afastamento dos dejetos, coleta e destinação do lixo,
controle dos alimentos e controle de insetos e de roedores. Outros tipos de
atividades são incorporados a esta ciência, tal como o controle da poluição
ambiental, em suas diversas modalidades do solo, do ar e da água.
Os problemas ambientais,
decorrentes do crescimento populacional e do desenvolvimento industrial, exigem
soluções técnicas de saneamento cada vez mais aperfeiçoadas e eficazes. Assim,
além das soluções básicas já consagradas, novos estudos e pesquisas vêm sendo
desenvolvidos para encontrar meios de garantir ao homem um ambiente de vida
saudável.
O objetivo do saneamento é a
promoção da saúde do homem em seu mais amplo sentido. São muitas as doenças que
podem proliferar devido à carência de medidas de saneamento. A não
disponibilidade de água de boa qualidade, a má disposição dos dejetos ou um
inadequado destino do lixo são alguns exemplos de fatores, que contribuem para
uma maior incidência de doenças. O saneamento tem uma área de atuação ampla que
tende a aumentar principalmente devido à necessidade de controlar a ação do
homem sobre o ambiente.
Nos dejetos humanos são
eliminados muitos microorganismos. A má
disposição dos dejetos pode provocar o contato do homem com os mesmos,
ocasionando a transmissão de doenças. O contato do homem com os dejetos será
evitado se forem adotadas soluções sanitariamente corretas para o destino de
excretos. Assim, deve ser evitado o lançamento no solo, em valas abertas,
diretamente na água ou em fossas mal construídas, que causem a contaminação do
lençol freático.
O lixo é o conjunto de resíduos
sólidos resultantes das atividades humanas e dos animais domésticos, e tendo
composição variada o lixo pode conter agentes biológicos patogênicos e/ou
resíduos tóxicos, os quais podem alcançar o homem, por via direta ou indireta,
prejudicando a saúde.
Segundo Forattini (1973), o lixo
representa um componente que não pode ser desprezado, no estudo da estrutura
epidemiológica de vários agravos à saúde. Contudo, a sua influência se faz
sentir principalmente por vias indiretas. Assim é que o lixo propicia condições
que facilitam, ou mesmo possibilitam, ação de múltiplos fatores. Do conjunto
desses resultam, como efeitos, os vários inconvenientes à saúde e ao bem-estar
da comunidade.
O lixo é um problema grave de
saúde pública, devendo ser tratado com competência. As escolas têm papel
fundamental na formação e aquisição de hábitos dos cidadãos, devendo zelar
inclusive pela preservação do meio ambiente. Os resíduos devem ser separados já
na fonte geradora. Lixo reciclável é papel, plástico, vidro e metais limpos, os
quais devem ser acondicionados adequadamente e encaminhados para coleta
seletiva. O lixo comum deve ser armazenado corretamente, em recipientes
protegidos (tambores, latas e similares, sempre tampados), uma vez que os ratos
têm hábitos noturnos. A coleta do lixo deve ser realizada, de preferência, no
final do dia e encaminhada ao aterro sanitário. Atenção especial deve ser dado
para os resíduos de cozinha. Cascas de vegetais ou restos de alimentos não
devem ser armazenados para posterior alimentação de animais, por ser condição
facilitadora de criação de roedores e insetos (PANETTA, 1998).
Toda a Psiquiatria é social,
porque nasce no cérebro de um ser humano, historicamente, fruto de determinada
classe social, representante consciente ou inconsciente dos interesses naturais
do lugar que ocupa no processo
produtivo. A conduta designada como louca se produz num ser humano,
histórico representante consciente ou inconsciente dos interesses naturais da
posição que ocupa.
O método epidemiológico em
Psiquiatria deve ser aplicado visando o diagnóstico comunitário, o estudo do
funcionamento dos serviços de saúde, formais e informais, a estrutura dos
quadros clínicos e das síndromes mais comuns na área, a estimativa das populações
de maior risco, tais como recém nascidos, adolescentes, velhos, migrantes,
minorias sexuais, minorias étnicas, trabalhadores em função estigmatizada,
trabalhadores em função muito insalubre, discussão causal e estudo histórico.
O objeto de estudo da epidemiologia
psiquiátrica é basicamente problemático por apresentar intersecção vital com os
processos socioeconômicos e políticos, intersecção vital com os fantasmas da
cultura como crenças, costumes, soluções para o medo da morte, formas de
reparação e neutralização da violência e da onipotência, mediadas de critérios
de êxito extremamente subjetivos, conflito fundamental entre um saber que deve
expandir e uma prática especializada, que se deve restringir; limites das áreas
de atuação muitos imprecisos e ser vítima de estigma popular.
A doença mental tem sua origem
endógena, dentro do organismo, e refere-se a alguma lesão de natureza anatômica
ou distúrbio fisiológico cerebral. Fala-se, mesmo, na química da loucura, e
inúmeras pesquisas nesse sentido estão em andamento. Nessa abordagem, algum
distúrbio ou anomalia da estrutura ou funcionamento cerebral leva a distúrbios
de comportamento, da afetividade e do pensamento. Nesse sentido, existem mapas
cerebrais que localizam em cada área cerebral funções sensoriais, motoras,
afetivas, de intelecção. Segundo Lenkau (1976),
nos extremos da pobreza e da riqueza os índices de saúde física e mental
medem a saúde social.
Inúmeras têm sido as ocorrências
de agravo à saúde mental relacionadas com o trabalho, cujas causas básicas
repousam em fatores subjetivos e psicossociais. A morbidade psiquiátrica tem se
revelado um importante dado a compor estatísticas de auxílio-doença no Brasil,
podendo-se atribuir tal fato às situações de tensão vivenciadas coletivamente
no trabalho, as quais se traduzem em adoecimentos individualizados.
Observados a partir de uma perspectiva
epidemiológica, os cruzamentos dos registros de absenteísmo com as observações
clínicas e os registros dos serviços médicos permitem identificar duas
situações distintas: a ocorrência elevada de crises desencadeadas por situações
no interior das empresas e caracterizadas por episódios clínicos agudos:
"crises nervosas", taquicardia, "distonia neurovegetativa",
hipertensão arterial e até infartos cardíacos. Tais períodos de crise são
verificáveis justamente em situações de trabalho que exacerbam o cansaço e a
tensão emocional. São, portanto, reações à ansiedade causada por determinadas
circunstâncias de trabalho. Situações em que há maior prevalência de distúrbios
da esfera psíquica. Dizem respeito a certos setores de atividades, profissões
ou formas de organização do trabalho em que os riscos mentais se evidenciam em
função de fatores de risco que interagem na situação de trabalho.
É necessário considerar que tais problemas
de morbidade têm caráter cumulativo e atuam tanto em nível individual quanto em
termos coletivos de trabalho. Segundo Sucre & Goldenberg (1976), as
mudanças políticas e sociais definem a saúde mental e física pública.
A conexão entre a instância psíquica
e os vários âmbitos das esferas sociais são assim sintetizados Há uma interação
dinâmica e contínua entre instância psíquica (individual) e experiência laboral
(coletivo micro-social). As dinâmicas que se processam articulam vivências
individuais que, pela via da intersubjetividade, atingem a instância coletiva.
O sofrimento vivenciado pelos trabalhadores devido a essas conexões dá ensejo
para que, no nível coletivo, duas formações tenham lugar: o chamado sistema
coletivo de defesa contra o sofrimento e o sistema de resistência emancipatória
e de compromisso ético.
Em muitos momentos da vida de uma
pessoa, podem-se viver situações difíceis e de sofrimento tão intenso que se
pensa que algo vai arrebentar dentro de si, que não vai suportar, que vai perder
o controle sobre si mesma, que vai enlouquecer. Isso pode ocorrer quando se
perde alguém muito próximo e querido, em situações altamente estressantes, em
que o indivíduo se vê com muitas dúvidas e não percebe a possibilidade de pedir
ajuda e/ou resolver sozinho tal situação.
A pessoa, então, busca a
superação desse sofrimento, o restabelecimento de sua organização pessoal e de
seu equilíbrio, isto é, o retorno às condições anteriores de sua rotina, em que
não tinha insônia, não chorava o tempo todo, não tinha os medos que agora tem,
por exemplo. Embora esse sofrimento seja intenso, não é possível falar de
doença nessas situações. É necessário ter muito cuidado para não patologizar o
sofrimento. Situações como essas todos podem vivê-las em algum momento da vida
e, nessas circunstâncias, o indivíduo necessita de apoio de seus grupos
(família, trabalho, amigos), isto é, que estes grupos sejam
"continentes" de seu sofrimento e de suas dificuldades e que não o
excluam, não o discriminem, tornando ainda mais difícil o momento que a pessoa
vive.
Além do apoio do grupo, o
indivíduo pode necessitar de uma ajuda psicoterapia, no sentido de suporte e
facilitação da compreensão dos conteúdos internos que lhe causam o transtorno,
o que poderá levá-lo a uma reorganização pessoal quanto a valores, projetos de
vida, aprender a conviver com perdas, frustrações e a descobrir outras fontes
de gratificação na sua relação com o mundo. Neste modo de relatar e compreender
o sofrimento psíquico, fica claro que o critério de avaliação é o próprio
indivíduo e seu mal-estar psicológico, isto é, ele em relação a si mesmo e à
sua estrutura psicológica, e não o critério de adaptação ou desadaptação
social.
Esse indivíduo que sofre pode
estar perfeitamente adaptado e continuar respondendo a todas as expectativas
sociais e cumprir todas as suas responsabilidades. Ao mesmo tempo, pode-se
encontrar um outro indivíduo que, mesmo sendo considerado socialmente
desadaptado, excêntrico, diferente, não vivencia, neste momento de sua vida,
nenhum sofrimento ou mal-estar relevante. O indivíduo consegue lidar com suas
aflições intensas, encontrando modos de produção que canalizam este mal-estar
de forma produtiva e criativa.
Assim, embora o sofrimento
psicológico possa levar à desadaptação social e esta possa determinar uma ordem
de distúrbio psíquico, não se pode, sempre, estabelecer uma relação de causa e
efeito entre ambos. Isto torna questionável a utilização exclusiva de critérios
de adequação social para a avaliação psicológica do indivíduo enquanto normal
ou doente. Abordar a questão da doença mental, neste enfoque psicológico,
significa considerá-la como produto da interação das condições de vida social
com uma trajetória específica do indivíduo, de sua família, dos demais grupos e
das experiências significativas e sua estrutura psíquica.
Nessa abordagem da doença, os
quadros patológicos são exaustivamente descritos no sentido de quais distúrbios
podem apresentar. Por exemplo, a psicastenia é caracterizada por esgotamento
nervoso, com traços de fadiga mental, impotência diante do esforço, inserção
difícil do real, cefaléias, distúrbios gastrointestinais, inquietude, tristeza.
E, finalmente, se a doença mental é simplesmente uma doença orgânica, ela será
tratada com medicamentos e produtos químicos. Ao lado da medicação, deve-se
lembrar que ainda são usados os eletrochoques, os choques insulínicos e, em
casos mais graves, o internamento psiquiátrico, para uma administração
controlada e intensiva de medicamentos.
Segundo
Moffatt (1981), o sujeito é invadido por uma experiência de paralização ou
descontinuidade da percepção de sua própria vida como história coerente. Não é possível discutir a questão
da normalidade e da patologia sem retomar as condições de Freud para a questão.
Para a Psicanálise, o que
distingue o normal do patológico é uma questão de grau e não de natureza,
isto é, nos indivíduos "normais" e nos "anormais" existem
as mesmas estruturas de personalidade e de conteúdos, que, se mais, ou menos,
"ativadas", são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo. Essas são
as estruturas neuróticas e psicóticas. Freud tomou a terminologia da
Psiquiatria clássica do século XIX e definiu os quadros clínicos da seguinte
forma:
·
Neurose
Os sintomas de distúrbios do
comportamento, das idéias ou dos sentimentos são a expressão simbólica de um
conflito psíquico que tem suas raízes na história infantil do indivíduo, mesmo
que não sejam apresentados nessa fase, desencadeados por vivências, situações
conflituosas, etc. Há casos em que a neurose está associada a conflitos
infantis de ordem sexual. A análise de neuroses infantis possui um interesse
teórico particularmente alto. Proporciona-nos, por assim dizer, ajuda no
sentido de uma compreensão adequada das neuroses dos adultos.
·
Psicose
A Psicanálise refere-se a uma
perturbação do indivíduo na relação com a realidade. Na psicose, acontece uma
ruptura entre o ego e a realidade, ficando o ego sob domínio do “id”, isto é,
dos impulsos entre aquilo que o indivíduo é, ou foi de fato, com aquilo que ele
desejaria prazerosamente ser (ou ter sido). A expressão doença mental, como tem
sido usada na mídia, inclui todo e qualquer desvio do comportamento, desde
abuso de álcool e drogas até quadros psicóticos. Em senso estrito (e correto),
deve-se falar de doença mental quando se refere a quadros definidos de
alterações psíquicas qualitativas como, por exemplo, a esquizofrenia, as
doenças afetivas (antes chamadas de psicose maníaco-depressiva) e outras psicoses.
Por outro lado, existem
alterações quantitativas, como a deficiência mental e os transtornos de
personalidade, que representam "desvios extremos do modo como o indivíduo
médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona
como os outros".
Nos dois modelos explicativos
anteriores – Psiquiatria clássica e abordagem psicológica – está implícita a
questão dos padrões de normalidade, isto é, embora as duas teorias se
diferenciem quanto à concepção de doença mental e suas causas, elas se
assemelham no sentido de que ambas supõem um critério do que é normal.
Responder a isso significa dizer
que determinadas áreas do conhecimento científico estabelecem padrões de
comportamento ou de funcionamento do organismo sadio ou da personalidade
adaptada. Esses padrões ou normas referem-se a médias estatísticas do que se
deve esperar do organismo ou da personalidade, enquanto funcionamento e
expressão. Essas idéias ou critérios de avaliação constroem-se a partir do
desenvolvimento científico de uma determinada área do conhecimento e também a
partir de dados da cultura e do comportamento do próprio observador ou
especialista, que nesse momento avalia este indivíduo e diagnostica que ele é
doente.
Segundo Machado (1978), para
medir o que é ou não razoável em uma conduta será preciso compará-lo com ela
mesma e com outros comportamentos comumente aceitos em dada sociedade e em dado
momento histórico.
Estima-se que cada
ser humano tenha de 50.000 a 100.000 genes diferentes. Alterações nesses genes
ou nas combinações deles podem produzir distúrbios genéticos. Esses distúrbios
são classificados em quatro grupos importantes: distúrbios cromossômicos,
distúrbios monogênicos, distúrbios multifatoriais e distúrbios mitocondriais. Desses
principais tipos de doenças, os distúrbios monogênicos foram os que receberam
mais atenção na presente pesquisa. Estes distúrbios classificam-se de acordo
com o modo pelo qual são herdados nas famílias (autossômicos dominantes,
autossômicos recessivos e ligados ao cromossomo X).
É importante
observar, porém, que embora alguns distúrbios genéticos sejam profundamente
determinados pelos genes, muitos outros resultam de múltiplos fatores
genéticos. Pode-se, portanto, pensar nas doenças genéticas como se situando ao
longo de um contínuo, onde distúrbios como as distrofias musculares de Duchene
estão situadas em uma extremidade (fortemente determinados por genes); na outra
extremidade estão os distúrbios fortemente determinados pelo ambiente, como as
doenças infecciosas.
A maioria dos distúrbios mais prevalentes, como
muitos defeitos de nascimento e doenças comuns, fica na metade do contínuo.
Essas doenças são produto de graus variados de influências, tanto genéticas
quanto ambientais.
Segundo
Leavel & Clark (1976), qualquer enfermidade ou condição mórbida no homem é
resultado de um processo dinâmico. As
doenças do trabalho ou doenças ocupacionais profissionais são aquelas
decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais. Elas se
caracterizam pelo nexo causal entre os danos observados na saúde do trabalhador
e a exposição a determinados riscos ocupacionais.
O trabalho forma a identidade do
indivíduo; a profissão do indivíduo caracteriza o seu ser, por isso, diferentes
espaços de trabalho oferecidos constituem-se em oportunidades diferenciadas
para a aquisição de atributos qualificativos da identidade de trabalhador. Do
ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e
satisfação, principalmente quanto à forma e ao meio no qual ele desempenha a
tarefa.
À medida que o indivíduo está
inserido no contexto organizacional, está sujeito a diferentes variáveis que
afetam diretamente o seu trabalho. Atualmente, existe uma preocupação na saúde
do indivíduo neste contexto, pois se relaciona, principalmente, com a
produtividade da empresa. Ou seja, para que se atinja produtividade e
qualidade, é preciso ter indivíduos saudáveis e atribuídos de qualidade. Em
contrapartida, a organização atua de forma onde muitas vezes pressiona-se o
indivíduo, levando-o a estados de doenças, de satisfação e de desmotivação.
LER (Lesão por Esforço
Repetitivo) e DORT (Distúrbios Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho) são
afecções que acometem tendões, músculos, ligamentos, fáscias e nervos de origem
ocupacional, que resultam em dor, fadiga e queda de performance no trabalho e
muitas vezes agravada por fatores psíquicos.
Stress é uma reação do organismo com
componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais que ocorre quando surge
a necessidade de uma adaptação grande a um evento ou situação de importância.
Este evento pode ser algo negativo ou positivo. A origem do stress está ligada na formação do sistema
límbico, responsável pelas emoções. Basicamente, existem duas fontes de stress: as fontes internas e as fontes
externas.
Os agentes estressores que vêm de dentro do
ser provêm das chamadas fontes internas. São os pensamentos do indivíduo frente
aos eventos do dia-a-dia, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade,
suas crenças, seus valores, suas características pessoais, seu padrão de
comportamento, suas vulnerabilidades, sua ansiedade e seu esquema de reação à
vida.
Os agentes estressores que vêm de fora do ser
provém das chamadas fontes externas. Como fontes externas, têm-se os
acontecimentos da vida como morte e nascimento, realização de um grande sonho,
divórcio, ou qualquer outra coisa que lhe aconteça e que venha a mobilizar o
seu corpo e a sua mente.
O stress ocupacional é um processo de perturbação ocasionado pelo
movimento excessivo de energia adaptativa do indivíduo diante das solicitações
do meio, portanto, o stress
ocupacional tem origem na relação indivíduo e ambiente de trabalho.
O stress há muito que faz
parte da realidade das organizações, e constitui-se como um "vírus"
que inibe o potencial humano, o chamado "mindware", otimização
das capacidades de pensamento e de ação dos indivíduos nas organizações.
Alterações no ritmo cardíaco e pressão arterial, problemas respiratórios,
diminuição de eficácia do sistema imunológico, artrite, maior freqüência de
gripes e constipações, dores nas costas e na cabeça, dores musculares, úlceras,
cansaço físico e esgotamento.
O stress sentido pelos
indivíduos nem sempre tem origem na empresa onde trabalham. Pode tratar-se de
crises familiares, conflitos sociais, acontecimentos de grande impacto na vida
pessoal, como a morte de familiares, dívidas por pagar, ou o desempenho do papel
de mãe/pai. Estas são algumas das fontes de stress que podem vir a
manifestar-se na organização com um forte impacto nos custos visíveis e ocultos
que esta suporta.
A palavra Workaholic vem da língua inglesa e significa “viciado em trabalho”.
É uma gíria derivada da palavra alcoholic,
que quer dizer “alcoólatra”. Workaholic
então é um viciado em trabalho. Entre tantos motivos que levam a tal situação
estão a competição, a busca de poder e status,
a realização profissional e, às vezes, a maior razão, para muitas pessoas: a
fuga de problemas íntimos ou familiares.
Workaholics são pessoas que fazem do
trabalho a sua principal razão de viver, ou seja, o indivíduo passa a ter
compulsão pelo trabalho. Geralmente, são pessoas severas, isoladas,
inflexíveis, perfeccionistas, amargas e exageradamente "realistas".
Por causa dessas características, os workaholics
racionalizam tudo na vida, ocultam seus próprios sentimentos, têm um contato
mínimo com eles próprios e mantêm abafados seus conflitos íntimos.
A maior conseqüência em ser um workaholic é a deterioração da qualidade
de vida e também daqueles que o cercam. A pessoa só começa a perceber que está
se autodestruindo quando identifica algum quadro de estresse, depressão, isolamento,
úlcera ou problemas cardíacos.
Ergonomia é o estudo do
relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente, da aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução dos problemas desse relacionamento. Os objetivos práticos são a
segurança, a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento
com os sistemas produtivos. O objetivo da ergonomia é investigar aspectos do
trabalho que possam causar desconforto aos trabalhadores e propor modificações
nas condições de trabalho, para torná-las confortáveis e saudáveis. Para isso,
a ergonomia utiliza técnicas de Análise Ergonômica do Trabalho, que são:
·
Ergonomia
do produto:
Concepção de produtos ergonomicamente adequados para utilização pelos usuários
dos mesmos.
·
Ergonomia
de produção:
Aplicada aos processos produtivos e ao estudo do trabalho em ação.
·
Ergonomia
de correção:
Visa à correção de inadequações ergonômicas existentes nos meios e processos de
trabalho.
·
Ergonomia
de Concepção:
Atua na concepção de produtos e processos de trabalho, objetivando sua criação
de acordo com os conhecimentos ergonômicos.
·
Ergonomia
de Mudança:
Refere-se a um processo ergonômico contínuo numa organização.
Do choque entre a história
individual, com projetos, esperanças e desejos, e uma organização do trabalho
que o ignora, resulta um sofrimento, que se traduz em insatisfação, medo,
angústia do trabalho, enfim, explicitando a relação entre o aparelho psíquico e
o trabalho. França (1997) afirma que o bem-estar psíquico provém de um livre
funcionamento em relação ao conteúdo da tarefa. Assim, se o trabalho é
favorável a esse livre funcionamento, existe o equilíbrio; se houver oposição,
será fator de sofrimento e de doença.
Nesse âmbito é que se insere a
psicopatologia do trabalho: o sofrimento está no centro da relação psíquica do
homem com o trabalho. Não se trata de eliminar esse sofrimento da situação de
trabalho, nem tampouco eliminar o trabalho. Entre outras diretrizes, a
psicopatologia trata das conseqüências mentais do trabalho, mesmo na ausência
de doenças. Trata-se do impacto da organização científica do trabalho sobre a
saúde mental do trabalhador. O principal fator determinante da psicopatologia
do trabalho é a própria organização do trabalho, geradora do conflito na medida
em que ocorre que se opõe o desejo do trabalhador à realidade limitada do
trabalho. A destruição desse desejo se dá em função de dois pontos cruciais: o conteúdo
das tarefas e as relações humanas.
Devido a que grande parte das
evidências epidemiológicas sustentam um efeito positivo de um estilo de vida
ativo e/ou do envelhecimento dos indivíduos em programas de atividade física e
exercícios, na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do
envelhecimento, os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a
atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da
saúde.
Não se pode pensar hoje em dia em
"prevenir" ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que além das
medidas gerais de saúde se inclua a atividade física. Esta preocupação tem sido
discutida não somente nos chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo,
como também nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A qualidade de vida no trabalho é
o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e
inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho.
A origem do conceito vem da
Medicina Psicossomática, que propõe uma visão integrada e holística do ser
humano, em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes.
No contexto do trabalho, esta abordagem pode ser associada à ética da condição
humana, e busca desde a identificação, eliminação, neutralização ou controle de
riscos ocupacionais observáveis no ambiente de trabalho, carga física e mental
requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas, dinâmica de
liderança e do poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento
e satisfação no trabalho (RODRIGUES, 1999).
As doenças organizacionais, por
suas conseqüências, têm se apresentado como um dos fatores de maior preocupação
para a sociedade e organizações na atualidade, por afetarem a produtividade e a
lucratividade das organizações, e pelo dano social que as mesmas causam, uma
vez que afetam profundamente o indivíduo nos âmbitos, profissional, social e
familiar.
Por se tratarem de problemas de
ordem física e psicológica, e pelo fato das alterações de saúde serem geradas
de uma ordem para outra, ou seja, problemas físicos produzem alterações
mentais, emocionais e comportamentais, da mesma forma que problemas emocionais
podem levar a sérias desordens orgânicas – as doenças psicossomáticas –,
comumente relacionadas ao stress, é que o administrador moderno deve ter
a preocupação de desenvolver nas organizações projetos e programas que venham a
combater ou atenuar a incidência de doenças organizacionais.
Na medida em que as condições
gerais de vida e o avanço da ciência têm contribuído para controlar e tratar
muitas das doenças responsáveis pela mortalidade, a população tanto dos países
desenvolvidos como da maioria dos países em desenvolvimento tem incrementado
nos últimos anos a sua expectativa de vida. Esta tendência global tem levado a
que a ciência, os pesquisadores e a população em geral procurem cada vez mais
"soluções" para tentar minimizar ou se possível evitar os efeitos
negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Cada vez mais se
pesquisam formas de deter ou retardar o processo do envelhecimento ou
estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia
nas últimas décadas da vida. A pesquisa realizada nos últimos 20 anos tem
analisado praticamente todos os aspectos referentes à saúde, à aptidão física e
às doenças e ao processo de envelhecimento (SUCESSO, 1998).
Para determinar as causas e a importância
epidemiológica com que as doenças ocorrem em uma comunidade, faz se mister
estudar as inter-relações entre os elementos que compõe a tríade ecológica: o
agente, o hospedeiro e o ambiente, nas diversas etapas de sua evolução. A
epidemiologia possibilita a avaliação das medidas de profilaxia, propiciando
dados para os diagnósticos, apresentando subsídios para a verificação da
consistência das hipóteses de causalidade, e estuda a distribuição da morbidade
e da mortalidade nas comunidades. Isto faz esta ciência o fulcro da saúde
pública moderna.
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