MARLEY MENDONÇA ALVES

sábado, 14 de março de 2015

PALESTRA Prof.Dr MARLEY MENDONÇA ALVES PRINCIPIOS EPIDEMIOLOGICOS VISTO, LIDO E OUVIDO

RESUMO
As noções de higiene surgiram quando o homem, vivendo em comunidade, sentiu que esse estreito relacionamento oferecia agravos à saúde, facilitando a disseminação de doenças. Com o correr dos anos, tem-se observado uma evolução muito acentuada da Epidemiologia. Até bem pouco tempo, esta ciência estava a serviço apenas dos estudos sobre epidemias de doenças infecto-contagiosas. Atualmente, é matéria básica indispensável aos estudos descritivos, analíticos e preventivos das doenças crônico-degenerativas e dos agravos à saúde, alem das doenças infecciosas incidentes na comunidade.



SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1 – POLÍTICAS SOCIAIS DE SAÚDE NO BRASIL................................................ 3
1.1 História Natural da Doença.................................................................................. 3
1.2 Prevenção............................................................................................................... 3
1.3 Objetivo da Epidemiologia.................................................................................... 4
1.4 Prevalência  e Incidência....................................................................................... 5
1.5 Epidemiologia Descritiva...................................................................................... 6
1.5.1 Epidemiologia analítica.................................................................................... 6
1.5.2 Estrutura epidemiológica................................................................................. 6
1.6 Mecanismos de Transmissão de Doenças............................................................ 7
1.6.1 Transmissão de doenças por meio da água..................................................... 7
1.6.2 Doenças transmitidas por alimentos................................................................ 8
1.6.3 Controle de ratos e insetos............................................................................... 8
1.6.4 Uso de desinfetantes e soluções cloradas......................................................... 9
1.7 Transmissão e Prevenção das Doenças Infecciosas mais Freqüentes............. 12
1.7.1 Tuberculose.................................................................................................... 12
1.7.2 Hanseníase..................................................................................................... 12
1.7.3 Tétano............................................................................................................. 13
1.7.4 Cólera............................................................................................................. 13
1.7.5 Difteria........................................................................................................... 14
1.7.6 Coqueluche..................................................................................................... 14
1.7.7 Botulismo........................................................................................................ 15
1.7.8 Febre Tifóide.................................................................................................. 15
1.7.9 Escarlatina..................................................................................................... 15
1.7.10 Sífilis............................................................................................................. 16
1.7.11 Processos supurativos.................................................................................. 16
1.8 Vacinação de Rotina em Saúde Pública............................................................ 17
1.8.1 Vigilância epidemiológica.............................................................................. 17
1.9 Saneamento Básico.............................................................................................. 18
1.10 Saúde Mental..................................................................................................... 19
1.11 Conceitos de Anormal, Normal  e de Causas  em Saúde Mental.................. 23
1.12 Doenças Genéticas............................................................................................. 24
1.13 Saúde Ocupacional............................................................................................ 25
1.13.1 LER /DORT.................................................................................................. 25
1.13.2 Stress............................................................................................................ 26
1.13.2.1 Stress ocupacional................................................................................. 26
1.13.2.2 Stress do trabalho.................................................................................. 27
1.13.2.3 Workholic – mania de trabalho.............................................................. 27
1.13.3 Ergonomia e a saúde ocupacional............................................................... 27
1.13.4 A psicopatologia do trabalho....................................................................... 28
1.14 Aspectos Epidemiológicos da Qualidade de Vida........................................... 29
CONCLUSÃO............................................................................................................... 31
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 32


Formalmente originada no século passado, só recentemente a epidemiologia foi tratada como ciência. Para isso influenciaram as pesquisas sobre inúmeras doenças, definidas em grande parte graças à aplicação do método epidemiológico. O fato tem demonstrado que, por meio desse método, é possível detectar causas imediatas antes mesmo da descoberta do seu agente etiológico.
John Snow, considerado o pai da epidemiologia, por ocasião de uma epidemia de cólera em Londres, em 1849, concluiu pela associação causal entre a doença e o consumo de água contaminada por fezes de doentes, rejeitando a hipótese de caráter miasmático, muito em voga naquela época. Anos depois, seus estudos foram confirmados em laboratório pelo isolamento e pela identificação do Vibrio cholerae nos dejetos de doentes.
Do meado do século passado até o início do século XX, a epidemiologia tinha o campo de ação restrito, mais voltado para o combate às epidemias e para o controle das endemias de doenças transmissíveis, que assolavam a humanidade. Com a melhoria do nível de vida, especialmente nos países desenvolvidos e conseqüente declínio das doenças infecciosas, as outras enfermidades (câncer, diabetes, cardiopatias) passaram  também a ser objeto de pesquisas epidemiológicas.
Atualmente, além de estudos descritivos sobre doenças infecciosas e não infecciosas, compete à epidemiologia, primordialmente, desenvolver pesquisas de causalidade concernentes à saúde das comunidades.
Epidemiologia pode ser conceituada como sendo a ciência que estuda as condições de saúde e a distribuição das doenças em uma comunidade, analisando suas causas e levando sempre em conta o hospedeiro, o meio e o agente etiológico, a fim de sugerir medidas específicas de prevenção, de controle ou de erradicação. (ROUQUAYROL & LIMA, 1982).
A epidemiologia é o fulcro da saúde pública. Representa o lastro principal para avaliação de medidas de profilaxia, fornecendo pistas para a diagnose de doenças transmissíveis e não transmissíveis e apresentando dados para a verificação da consistência das hipóteses de causalidade. Além disso, estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade nas comunidades, determina os testes de eficácia e de inocuidade das vacinas, testa a toxicidade de produtos usados na profilaxia das endemias, desenvolve a vigilância epidemiológica, verifica os fatores ambientais e socioeconômicos que interagem com as doenças e com as condições de saúde e atua diretamente junto à comunidade e ao governo, constituindo-se em um elo de ligação das comunidades com os órgãos de saúde, a fim de indicar as medidas de prevenção e de controle a serem adotadas, dentro dos recursos disponíveis e dos objetivos a serem atingidos.


Denomina-se história natural da doença um conjunto de processos interativos compreendendo:
As interações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estimulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estimulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte (LEAVEL & CLARK, 1976).
A história natural da doença apresenta o desenvolvimento em duas vertentes seqüenciadas: a vertente epidemiológica e a vertente patológica. Na primeira, o interesse é dirigido para as relações agente suscetível –ambiente; na segunda, interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Abrange dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem os agentes, e o meio interno, onde se desenvolve a doença. O homem se faz presente em ambos.
Segundo Ferrara (1976), “saúde pública  é a ciência e arte de prevenir as doenças, prolongar a vida, promover a vida, promover a saúde e a eficiência física e mental, mediante esforços organizados da comunidade”. A epidemiologia estabelece ou indica, e avalia os métodos e processos usados pela saúde pública, para prevenir as doenças.
 A prevenção deve anteceder a ação dos especialistas em saúde, que é uma ação antecipada, com base no conhecimento da história natural, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução da doença  (LEAVEL & CLARK , 1976).
A prevenção pode se dar de várias formas, conforme se menciona a seguir.
·         Prevenção Primária
A promoção da saúde é feita por meio de medidas de ordem geral. O resultado dessas medidas é o aumento da saúde e do bem-estar geral (LEAVEL & CLARK, 1976). Ou seja, moradia adequada, escolas, áreas de lazer, alimentação adequada, educação sanitária, saneamento ambiental e prevenção específica, como imunização, saúde ocupacional, higiene pessoal e do lar, proteção contra acidentes, aconselhamento genético, tratamento de água, tratamento de esgotos e lixo e medidas de controle aos vetores.
·         Prevenção Secundária
A prevenção secundária é fundamentada no diagnóstico precoce, com inquéritos para a descoberta de casos na comunidade, exames periódicos e individuais, para a detecção precoce de casos, isolamento, para evitar a propagação de doença, e tratamento.
·         Prevenção Terciária
A prevenção terciária é fundamentada na reabilitação ou impedimento da incapacidade total, fisioterapia e terapia ocupacional.
A epidemiologia tem o seu campo de atuação definido pela intersecção de dois grandes grupos de eventos ocorrentes no mundo circunstante. Em primeiro lugar, trata se de acontecimentos que ocorrem em grupos humanos, não sendo, portanto, do seu interesse o fenômeno individual. Acontecimentos vitais incidentes sobre grupos organizados em sociedade, ou fenômeno individuais que possam vir a ter influência coletiva, constituem seu material de estudo. Por outro lado, de todos os acontecimentos que ocorrem sobre os agrupamentos humanos, são os referentes à saúde ou à doença os que interessam.
A epidemiologia lida com variáveis populacionais vinculadas ao campo dos assuntos sanitários. Segundo Barker (1976), a quantificação dessas variáveis deve ter por objetivo elaborar conhecimento que venha servir aos seguintes propósitos: prover dados  necessários ao planejamento e avaliação dos serviços de saúde; identificar os fatores determinantes de doenças e permitir a sua prevenção; avaliar os métodos usados no controle das doenças, descrever a história das doenças e classificá-las.
O objetivo final da epidemiologia é colocar à disposição  do homem conhecimentos e tecnologia que possam promover a saúde individual por meio de medidas de alcance coletivo. No entanto, apesar de sua preocupação final ser a saúde, os dados com os quais lida são os de não-saúde, morte e doença, centrados no homem e em fatores de degradação e inadequação do ambiente.
Em estudos epidemiológicos, a variável dependente é sempre expressa em número de pessoas acometidas de uma determinada doença, ou falecidas. Os dados colhidos diretamente das fontes de informação, ou gerados por meio de observações controladas, são dados não trabalhados e tomam a designação de valores absolutos. Os valores absolutos, quando relacionados à variável, independentemente passam a ser denominadas freqüências absolutas associadas à referida variável. É o caso das diferentes categorias de mortalidade e morbidade referidas anteriormente. Sua utilidade na investigação e descrição epidemiológica se restringe a eventos localizados no tempo e no espaço, não ensejando possibilidade de comparações temporais ou geográficas.
Em saúde pública, as terminologias epidemiológicas apresentam alguns conceitos próprios como prevalência, que é o termo descritivo da força com que subsistem as doenças nas coletividades. A medida mais simples para a prevalência é a freqüência absoluta dos casos de doenças.
Os conceitos veiculados pelos termos “prevalecer” e “incidir” possuem em comum, como idéia central, a ação de acontecer. Assim, “prevalecer” deve ser compreendida como a seqüência das ações de acontecer e permanecer existindo num momento considerado, enquanto que “incidir” denota simplesmente a ação de acontecer sem necessidade de acréscimos complementares. A ciência epidemiológica apropriou-se de ambos os conceitos, dando-lhes feição nova, sob a forma dos termos “incidência” e “prevalência”. Incidência, em epidemiologia, traduz a idéia da intensidade com que acontece a morbidade em uma população, enquanto que prevalência é o termo descritivo da força com que subsistem as doenças nas coletividades.


Segundo Isaac Newton (1704), pelo caminho da análise pode-se proceder dos compostos aos ingredientes e dos movimentos às forças que os produzem. Desse conceito, chega-se à epidemiologia analítica como sendo a parte da epidemiologia que busca reduzir fatos simples observáveis e situações globais de doença que afetam comunidades e determinam as relações entre esses fatos. Rouquayrol & Lima (1982) englobam os estudos de associação entre fatos observáveis, mediata ou imediatamente relacionáveis a doenças, sendo estas vistas sob o ponto de vista de sua incidência sobre grupos populacionais. Seu objetivo maior, o qual preside e dá sentido ao pensamento desenvolvido sob sua cobertura, é o conhecimento das causas determinantes das doenças, que afetam grupos significativos de pessoas.
Seu conhecimento próprio tem como ponto de partida os da epidemiologia descritiva, formando, por sua vez, a base informativa sobre a qual assentam o controle e a prevenção das doenças. Assim, a epidemiologia se processa integradamente nos níveis de descrição, de inquirição e de ação (BUNGE, 1980).
Estrutura epidemiológica é o conjunto formado  pela doença e por seus fatores determinantes, vinculados ao ambiente, ao agente etiológico e ao suscetível, conjunto este dotado de uma organização interna que define as suas interações e também é responsável pela produção da doença. A estrutura epidemiológica tem funcionamento sistêmico. Cada vez que um dos componentes sofrer alguma alteração, está repercutirá e atingirá os demais, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. Um novo equilíbrio trará consigo uma maior ou menor incidência de doenças, sua sazonalidade, sua variação cíclica e seu caráter, epidêmico ou endêmico.
São sistêmicos todos os fatores que, quando inseridos, removidos ou alterados, modificam, aumentando ou diminuindo a incidência de doença na população considerada.
O conhecimento dos fatores sistêmicos em equilíbrio é fundamental para o alcance da finalidade epidemiológica como ciência: prevenção e controle das doenças, mantendo-se otimizado e ecológico, com um mínimo de degradação do meio ambiente.
Segundo Jenicek & Cleroux (1982), a doença pode ser definida como um desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto. O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, ou de um sistema, ou de todo o organismo, ou de suas funções vitais.
Na abordagem sistêmica, na qual não entra em consideração o processo evolutivo da doença, os fatores a serem considerados devem pertencer univocamente ao ambiente, ou ao agente patogênico, ou ao suscetível.
A transmissão das doenças infecciosas é determinada pela totalidade dos fatores vinculados ao ambiente, ao agente etiológico e ao hospedeiro. Na transmissão indireta, os fatores ambientais desempenham papel fundamental. Na transmissão direta, os fatores próprios do novo hospedeiro, poder aquisitivo, normas de conduta, nível de instrução e higiene pessoal são cruciais. Os fatores vinculados ao agente etiológico não determinam o tipo de transmissão. Seu poder de patogenicidade poderá ser exercido tanto na transmissão direta quanto na indireta.
Por intermédio da água, muitas doenças podem ser transmitidas ao ser humano. São as chamadas doenças de veiculação hídrica, em que a água serve  como meio de transporte de agentes patogênicos eliminados pelo homem por meio de dejetos ou poluentes químicos e radioativos, presentes em esgotos industriais.
A água é normalmente habitada por vários tipos de microorganismo de vida livre e não parasitária que dela extrai os elementos indispensáveis à sua sobrevivência. Há organismos patogênicos que, utilizando a água como veículo, constituem-se em perigos sanitários potenciais. É interessante notar que a quase totalidade dos microorganismos patogênicos é incapaz de viver em sua forma adulta ou de se reproduzirem fora do organismo que lhes serve de hospedeiro. São vários os agentes de destruição natural de patogênicos nas águas armazenadas. Além da temperatura, destacam-se os efeitos da luz, a sedimentação, a presença ou não de oxigênio dissolvido, de parasitas ou predadores de bactérias, substâncias tóxicas ou antibióticos produzidos por outros microrganismos.
Os microorganismos patogênicos são classicamente agrupados em vírus, bactérias e helmintos. Para cada grupo determinam-se famílias, gêneros e espécies, que identificam os diversos agentes causadores de doenças, denominados agentes etiológicos. Dessa forma, uma bactéria do gênero vihrium, espécie Vcho/erae, é causadora da cólera; um protozoário do gênero Giardia, espécie G. iam bija, provoca a giardíase e a larva do helminto do gênero Taenia, espécie Tsohum, é responsável pela teníase (JUNKIN, 1982).
A qualidade da matéria-prima alimentar, as condições do ambiente de trabalho e as características do material de limpeza são importantes, mas nada suplanta a importância das técnicas de manipulação e a própria saúde dos manipuladores na epidemiologia das doenças transmitidas por alimentos. Um interessante estudo feito por Arruda (1998), nos Estados Unidos, listou as condições que mais freqüentemente foram apontadas como causas predisponentes para os surtos de toxiinfecções ocorridas. Duas décadas se passaram, mas os dados continuam atuais.
Como no caso a manipulação é realizada pelo agente humano, genericamente classificado como manipulador, a ele devem ser dirigidas as atenções iniciais (KINTON, 1999). Os panos de chão devem ser separados de acordo com o local de uso (banheiro, cozinha, etc.) (RÊGO, 1997). As luvas grossas usadas na limpeza devem ser lavadas, conforme a técnica de lavagem das mãos, antes de serem retiradas. Desinfetá-las quando sujas com sangue, fezes, urina ou vômito (RÊGO,  1997).
Na área urbana, as espécies mais comuns de ratos encontradas são o Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), o Rattus rattus (rato preto ou rato de telhado) e o Mus musculos (camundongo). O controle de roedores e de insetos é importante para salvaguardar a saúde pública e prevenir perdas materiais e econômicas (SILVA, 1996).
A anti-ratização e a anti-insetização são medidas mecânicas, absolutamente necessárias, utilizadas principalmente para modificar o ambiente, eliminando os meios que propiciem o acesso a alimentos, água e abrigo, de forma a impedir a instalação e a proliferação de ratos e insetos (SILVA, 1996).
Algumas  medidas importantes são telar as janelas, manter os ralos fechados, manter os alimentos protegidos, cuidados com o lixo, etc. As medidas mecânicas são as mais adequadas, por serem mais eficazes. Os venenos, isoladamente, ao contrário do que se pensa, não controlam estas pragas, causando perigo à saúde das pessoas e ao meio ambiente. Portanto, só devem ser utilizados em situações muito especiais e com a indicação do serviço de saúde. O aparecimento de qualquer outro tipo de praga (formigas, carrapatos, escorpiões, etc) deverá ser notificado  (SILVA, 1996).
Em instituições coletivas, as soluções mais adequadas como desinfetantes são o hipoclorito de sódio (cândida) e o álcool a 70%. Seu uso visa o rompimento da cadeia de transmissão das doenças e a proteção do trabalhador (SILVA, 1996).  Apesar de muitos alimentos serem melhor em estado natural (por exemplo, as frutas e as hortaliças), outros só são seguros quando estão tratados. Assim, convém sempre adquirir o leite pasteurizado, ao invés do leite cru e, se possível, comprar frangos (frescos ou congelados) que tenham sido tratados por irradiação ionizante. Ao se fazer compras, deve-se ter em mente que os alimentos são tratados não somente para que se conservem melhor como também para que se tornem mais seguros, sob o ponto de vista sanitário. Alguns alimentos que se consomem crus, como as alfaces, devem ser lavados cuidadosamente (SILVA,  1982).
Quando os alimentos cozidos são deixados à temperatura ambiente, os microrganismos começam a se multiplicar. Quanto mais se espera, maior o risco. Para não se correr perigos desnecessários, convém comer os alimentos imediatamente depois de cozidos (SILVA, 1982).
Quando se quer guardar as sobras de alimentos cozidos, seu armazenamento deve ser feito em condições de calor (acima de 60º C) ou de frio (abaixo de 10º C). Esta regra é vital se se pretende guardar comida por mais de 4 ou 5 horas. No caso de alimentos para lactentes, o melhor é não guardá-los por qualquer tempo. Um erro muito comum e principal causa de muitas intoxicações alimentares são colocar na geladeira uma quantidade excessiva de alimentos quentes. Em uma geladeira abarrotada, os alimentos cozidos não podem ser esfriados internamente tão rápido quanto o desejado. Se a parte central do alimento permanece quente (a mais de 10º C), por um período longo, os microrganismos proliferam e alcançam rapidamente uma concentração suficiente para causar enfermidades (SILVA, 1982).
Um alimento bem cozido pode também se contaminar com um mínimo contato com alimentos crus. Esta contaminação cruzada pode ser direta, como a que ocorre quando a carne crua de frango entra em contato com alimentos cozidos. Mas também pode ser mais sutil. Assim, por exemplo, não se deve jamais preparar um frango cru e após utilizar a mesma tábua de cortar carne e a mesma faca para se cortar o frango cozido; do contrário, poderiam reaparecer todos os possíveis riscos de proliferação microbiana e de enfermidade conseqüente do que havia antes de se cozinhar o frango (SILVA, 1982).
Deve-se se lavar as mãos antes de se iniciar o preparo dos alimentos e após qualquer interrupção (em particular se for trocar as fraldas do bebê e dar de mamar). Se estiver preparando certos alimentos crus, tais como pescados, carne ou frango, deve-se lavar as mãos antes de manipular outros produtos alimentícios. Em caso de infecção das mãos, as mesmas devem ser cobertas antes de entrarem em contato com os alimentos. Não se deve esquecer que certos animais de companhia (cães, pássaros e, principalmente, tartarugas) albergam freqüentemente patógenos perigosos que podem passar às mãos das pessoas e destas aos alimentos (SILVA, 1982).
Como os alimentos se contaminam facilmente, convém manter limpas todas as superfícies utilizadas para prepará-las. Não se deve esquecer que qualquer desperdício, migalha ou mancha pode ser um reservatório de germens. Os panos que entram em contato com pratos ou utensílios devem ser trocados diariamente e fervê-los antes de voltar a usá-los. Também devem ser lavados com freqüência os panos de chão (SILVA,  1982).
Os animais, conforme já se disse, podem transportar patógenos que originam enfermidades alimentares. A melhor medida de proteção é guardar os alimentos em recipientes bem fechados (SILVA, 1982).
A água pura é tão importante para o preparo dos alimentos quanto para ser bebida. Se a fonte de água não é confiável, convém ferver a água antes de utilizá-la nos alimentos ou de transformá-la em gelo para refrescar bebidas. Deve-se, sobretudo, ter cuidado com a água utilizada para o preparo de comida para lactantes (SILVA, 1982).
 A mortalidade por parasitose intestinal associada com a desnutrição é um dos problemas mundiais mais importantes de saúde pública, que está muito elevada em países subdesenvolvidos. A  infecções associadas e influências climáticas são fatores precipitantes da desnutrição (ORNELLAS, 1983).
Segundo Andrade & Macedo (2000), se a população recebe alimentos com contaminação ambiental, predispõe-se a freqüentes ataques de processos infecciosos, em particular episódios de diarréia que provocam sérios agravos nutricionais. Sabe-se que a diarréia atua como fator agravante e potencializador da desnutrição, contribuindo significativamente para o aumento da morbidade e mortalidade.
A desnutrição aguda no paciente grave submetido a estados hipercatabólicos, associada freqüentemente a agressões específicas ao tratogastrointestinal (como uso intensivo de agentes antimicrobianos ou a presença de infecções), leva a uma atrofia anatômica e funcional progressiva do intestino, caracterizada por desaparecimento das microvilosidades e diminuição das enzimas. A resultante final é uma síndrome de má-absorção, que fecha o círculo vicioso, produzindo uma desnutrição mais grave (BROOKS, 1982).
As bactérias também possuem a capacidade de atuar sobre os ácidos biliares triidroxilados (ácido cólico). Isso resulta em uma ação tóxica sobre a mucosa intestinal, interferindo nos processos normais de absorção. A etiologia da afecção intestinal pode estar diretamente relacionada a exposições repetidas a um ou vários agentes microbianos, e a ocorrência direta dessas lesões sobre a mucosa intestinal reflete-se num aproveitamento sensivelmente prejudicado dos nutrientes da dieta, o que, em última análise, irá interferir negativamente sobre a curva de crescimento de crianças negligenciadas e desprovidas de assistência sanitária adequada (ANDRADE & MACÊDO, 2000).
Não há dúvidas que os programas de treinamentos específicos para manipuladores de alimento são o meio mais recomendável para transmitir conhecimentos e mudar atitudes sobre o assunto; porém, os agentes que lidam com o controle de alimentos, seja qual for a sua denominação profissional, têm também uma imensa responsabilidade de veicular informações e contribuir para haver uma mudança de atitudes em prol de uma manipulação mais sadia (RIEDEL, 1992).
Considera-se que o manipulador de alimentos é um risco em potencial para a produção de refeições e, como tal, necessita ser conscientizado por meio de treinamento, visando a melhoria da qualidade higiênica de refeições oferecidas (RÊGO, 1999).
Percebe-se a importância do esclarecimento e intensificação das orientações quanto aos cuidados básicos de higiene na preparação de alimentos para a profilaxia de verminoses (BRANCO, 1999).
Agente: Mycobacterium tuberculosis, bacilo de Koch.
Quadro clínico: às vezes, só em fase avançada da doença surge a tosse contínua com catarro, dor torácica, emagrecimento e febre e sudorese intensa. Com o esforço da tosse, alguns vasos se rompem e o doente passa a eliminar catarro com sangue (hemoptise). É aconselhado que uma tosse que persista por duas semanas ou mais seja avaliada por um médico.
Tratamento: Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida.
Agente: Mycobacterium leprae
Quadro clínico: é uma doença infecto-contagiosa, que afeta principalmente os nervos e a pele. Atinge homens, mulheres, e crianças de todas as idades, tem período de incubação de 3 a 5 anos. Os principais sintomas são o aparecimento, na pele, de pontos com falta de sensibilidade. Geralmente, aparece apenas um ponto no início. Antes de tudo, a pessoa perde o tato, depois a sensibilidade térmica e, por último, a sensibilidade à dor, de forma que, embora sofra queimaduras e espetadelas naqueles pontos, o doente não sente absolutamente nada.
Os doentes de lepra também podem apresentar lesões nervosas com dor, paralisia e atrofia muscular. Em casos raros e adiantados, ou resistentes ao tratamento, aparecem também deformidades no rosto, com ulcerações, queda das sobrancelhas, etc.
Tratamento: Dapsona, Rifampicina, Clofazimina, PQT.
Agente: Clostridium tetani.
Quadro clínico: doença infecciosa, não contagiosa e, como o nome diz, caracteriza-se por contraturas musculares. Os sintomas manifestam-se primeiramente nos músculos da região do ferimento (tétano local). Freqüentemente, também são atingidos os músculos mastigadores de maneira a tornar difícil a abertura da boca (trismo). Gradualmente, a contratura se estende a outros grupos de músculos, conferindo à doença feições características. Riso sardônico, rigidez de nuca, abdômen em tábua. A morte sobrevém com espasmos generalizados. É relativamente freqüente nos países subdesenvolvidos. O Tetanus neonatorum é resultante da contaminação por várias sujidades aplicadas no coto umbilical com o objetivo de acelerar a cicatrização.
Tratamento: aplicação de SAT (soro antitetânico) e relaxantes musculares.
Agente: Vibrio cholerae
Quadro clínico: tem um período de incubação de 1 a 4 dias. Seu início é rápido, com náuseas, vômitos, cólicos abdominais e diarréia profusa, com fezes riziformes (aspecto de água de arroz). A perda rápida de água e sais minerais conduz a um estado de desidratação, acompanhada de hipotermia, queda de pressão arterial, anúria e colapso circulatório, acidose por perca de bicarbonato e, em crianças, hiperkalemia. Mais de 90% das pessoas que contraem cólera permanecem assintomáticas, podendo sofrer apenas uma diarréia branda, embora possam transmitir a doença por cerca de 30 dias.
Tratamento: combate a desidratação e a antibioticoterapia.
Agente: Corynebacterium diphteriae, ou bacilo de Klebs Löfler
Quadro clínico: doença infecto-contagiosa aguda que ataca, sobretudo, crianças de 1 a 4 anos. Caracteriza-se por febre, inflamação na garganta e manifestações toxemicas. As amígdalas, pilares anteriores e úvula recobrem-se de um exsudato pseudomembranoso, constituído de fibrina, leucócitos e epitélio necrosado, efeito local da toxina secretada pelo bacilo diftérico. Nos casos graves, o processo se estende à laringe e brônquios, causando asfixia (crupe). Esta toxina, lançada na corrente sangüínea, poderá afetar o coração, o sistema nervoso e os rins, entre outros órgãos. Há destruição local do palato mole, provocando deformidades na fala.
Tratamento: soro antidiftérico e antibióticos como penicilina, tetraciclina e cloranfenical.
Agente: Bordetella pertussis.
Quadro clínico: doença infecciosa, aguda, altamente contagiosa que lesa o trato respiratório, produzindo tosse espasmódica característica. Inicia-se com uma coriza, confundindo-se com um simples resfriado. Mais ou menos 10 dias depois, tem a sua evolução característica. Sua gravidade varia com a idade, o estado geral e a maior ou menor sensibilidade de cada indivíduo. Geralmente não é grave.
Tratamento: antibióticos de largo espectro, principalmente cloranfenicol e tetraciclina. Devem ser evitadas as situações que possam provocar acessos de tosse, ter uma boa alimentação, em pequenas quantidades, preferencialmente na forma líquida, mantendo os ambientes arejados e evitando a poeira.


Agente: Clostridium tetani.
Quadro clínico: o botulismo é uma toxicose aguda que aparece em algumas horas (2 a 48hs) após a ingestão de alimentos contaminados. Caracteriza-se por vômitos, constipação intestinal, sede, visão dupla, dificuldade de deglutição e fala, flacidez muscular generalizada e paralisia respiratória. A morte sobrevém em 20 a 70% dos casos.
Tratamento: Antitoxina botulímica polivalente (a, b, e), precocemente em dose maciça.
Agente: Salmonella typhi
Quadro clínico: o bacilo ataca principalmente o intestino, apresentando diarréia com cólicas, febre e muitas vezes presença de sangue nas fezes. As toxinas produzidas pelas bactérias caem na corrente sangüínea e determinam um quadro de erupção cutânea ao nível de abdômen e um certo torpor pela impregnação no SNC (sistema nervoso central).
Tratamento: Cloranfenicol.
Agente: Streptococcus pyogenes.
Quadro clínico: tem um período de incubação de 3 a 4 dias. É uma infecção aguda e contagiosa, caracterizada por febre elevada, inflamação na garganta, exantema, seguida de descamação. Durante o período de infecção, pode-se verificar uma espécie de halo-claro e pálido ao redor da boca, o que constitui o sinal de Filatov. Além disso, as papilas linguais mostram-se aumentadas de tamanho, caracterizando a chamada "língua de framboesa".
Tratamento: Antibioticoterapia.

Agente: Treponema pallidum
Quadro clínico: doença venérea endêmica, contagiosa e crônica. É provocada por um treponema, gênero pertencente à família dos espiroquetas. Produz lesões de caráter inflamatório e destrutivo em quase todos os órgãos. Após 15 ou 20 dias do contágio, aparece uma pápula, ou manchas indolores e duras, chamadas cancro sifilítico, que geralmente se localiza nas áreas genitais externas, mas também pode apresentar-se em qualquer parte do corpo como, por exemplo, a boca, o ânus e as mãos. Quando não é feito um tratamento adequado, as lesões da sífilis se espalham por todo o corpo. Aparecem manchas rosadas de 5 mm de diâmetro, afetando os folículos pilosos, o que provoca a queda dos pêlos em forma de placas. Tudo isso acompanhado de dores ósseas e musculares, febre, perda de peso e inapetência. Existem casos em que são afetados o coração, os rins e o cérebro.
Tratamento: Penicilina.
Agente: Estafilococos e estreptococos.
Quadro clínico: infecção onde ocorre a formação de pus em forma de abcessos (coleção purulenta circunscrita, superficial ou profunda) e furúnculos (abcesso subcutâneo). Inicia-se como zona de intensa inflamação, vermelhidão e calor em uma área circunscrita da pele e que evolui para o desenvolvimento de uma bolsa cheia de pus, que se abre para o exterior e drena o seu conteúdo; antrazes (furúnculos que fistulam seu conteúdo para o exterior através de várias bocas); feimões (abcessos que se desenvolvem ao longo do tecido subcutâneo, às vezes se alastrando por baixo das aponeuroses). A espécie mais típica é o Staphilococcus aureus, resistente a vários antibióticos, somente sensível à Vancomicina. É a temível MARSA, bactéria super resistente, produzida pelo uso indiscriminado de antibióticos.
Tratamento: Penicilina, e no caso de infecção por MARSA, Vancomicina.


Vacinar significa induzir artificialmente o organismo a produzir anticorpos contra determinada doença. As pessoas podem ser resistente às doenças infecciosas de modo inespecífico ou especifico, sendo este natural ou artificial.
A Organização Mundial de Saúde, em sua filosofia de saúde para todos (OMS, 1982), insere como atividade fundamental desse contexto a vacinação de todas as crianças em um esquema mínimo, com o objetivo de prevenir pelo menos seis doenças: sarampo, polioemielite, tétano, coqueluche, difteria e tuberculose.
A cobertura de vacinação tem sua avaliação epidemiológica quanto ao nível de cobertura que é observada como eficiente e capaz da realização das ações de vacinação  com o objetivo de atingir as metas programadas, o que é observado como eficácia.
Segundo a Lei nº 6.259, de 30.10.75, “a ação de Vigilância Epidemiológica compreende as informações, investigações e levantamentos necessários á programação e a avaliação das medidas de controle e de doenças e de situações de agravo á saúde” (MS/SNABS, 1977).
Em todos os Estados da federação existem as unidades de vigilância epidemiológicas, estruturadas em Secretarias Estaduais de Saúde, que integram o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica.
De acordo com a legislação básica sobre vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde, as informações principais para o funcionamento do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são as notificações compulsórias de doenças, as declarações e atestados de óbitos, os resultados de estudo epidemiológicos, pelas autoridades sanitárias, as notificações de quadros mórbidos inusitados e as demais doenças que, pela ocorrência de casos julgados anormais, sejam de interesse para a tomada de medidas de caráter coletivo.


Saneamento é definido pela Organização Mundial de Saúde como “o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério  sobre o bem estar físico, mental ou social”, portanto tem como objetivo a promoção da saúde do homem em seu mais amplo sentido.
O saneamento tem sua ação no abastecimento de água, afastamento dos dejetos, coleta e destinação do lixo, controle dos alimentos e controle de insetos e de roedores. Outros tipos de atividades são incorporados a esta ciência, tal como o controle da poluição ambiental, em suas diversas modalidades do solo, do ar e da água.
Os problemas ambientais, decorrentes do crescimento populacional e do desenvolvimento industrial, exigem soluções técnicas de saneamento cada vez mais aperfeiçoadas e eficazes. Assim, além das soluções básicas já consagradas, novos estudos e pesquisas vêm sendo desenvolvidos para encontrar meios de garantir ao homem um ambiente de vida saudável.
O objetivo do saneamento é a promoção da saúde do homem em seu mais amplo sentido. São muitas as doenças que podem proliferar devido à carência de medidas de saneamento. A não disponibilidade de água de boa qualidade, a má disposição dos dejetos ou um inadequado destino do lixo são alguns exemplos de fatores, que contribuem para uma maior incidência de doenças. O saneamento tem uma área de atuação ampla que tende a aumentar principalmente devido à necessidade de controlar a ação do homem sobre o ambiente.
Nos dejetos humanos são eliminados muitos microorganismos. A má  disposição dos dejetos pode provocar o contato do homem com os mesmos, ocasionando a transmissão de doenças. O contato do homem com os dejetos será evitado se forem adotadas soluções sanitariamente corretas para o destino de excretos. Assim, deve ser evitado o lançamento no solo, em valas abertas, diretamente na água ou em fossas mal construídas, que causem a contaminação do lençol freático.
O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes das atividades humanas e dos animais domésticos, e tendo composição variada o lixo pode conter agentes biológicos patogênicos e/ou resíduos tóxicos, os quais podem alcançar o homem, por via direta ou indireta, prejudicando a saúde.
Segundo Forattini (1973), o lixo representa um componente que não pode ser desprezado, no estudo da estrutura epidemiológica de vários agravos à saúde. Contudo, a sua influência se faz sentir principalmente por vias indiretas. Assim é que o lixo propicia condições que facilitam, ou mesmo possibilitam, ação de múltiplos fatores. Do conjunto desses resultam, como efeitos, os vários inconvenientes à saúde e ao bem-estar da comunidade.
O lixo é um problema grave de saúde pública, devendo ser tratado com competência. As escolas têm papel fundamental na formação e aquisição de hábitos dos cidadãos, devendo zelar inclusive pela preservação do meio ambiente. Os resíduos devem ser separados já na fonte geradora. Lixo reciclável é papel, plástico, vidro e metais limpos, os quais devem ser acondicionados adequadamente e encaminhados para coleta seletiva. O lixo comum deve ser armazenado corretamente, em recipientes protegidos (tambores, latas e similares, sempre tampados), uma vez que os ratos têm hábitos noturnos. A coleta do lixo deve ser realizada, de preferência, no final do dia e encaminhada ao aterro sanitário. Atenção especial deve ser dado para os resíduos de cozinha. Cascas de vegetais ou restos de alimentos não devem ser armazenados para posterior alimentação de animais, por ser condição facilitadora de criação de roedores e insetos (PANETTA, 1998).
Toda a Psiquiatria é social, porque nasce no cérebro de um ser humano, historicamente, fruto de determinada classe social, representante consciente ou inconsciente dos interesses naturais do lugar que ocupa no processo  produtivo. A conduta designada como louca se produz num ser humano, histórico representante consciente ou inconsciente dos interesses naturais da posição que ocupa.
O método epidemiológico em Psiquiatria deve ser aplicado visando o diagnóstico comunitário, o estudo do funcionamento dos serviços de saúde, formais e informais, a estrutura dos quadros clínicos e das síndromes mais comuns na área, a estimativa das populações de maior risco, tais como recém nascidos, adolescentes, velhos, migrantes, minorias sexuais, minorias étnicas, trabalhadores em função estigmatizada, trabalhadores em função muito insalubre, discussão causal e estudo histórico.
O objeto de estudo da epidemiologia psiquiátrica é basicamente problemático por apresentar intersecção vital com os processos socioeconômicos e políticos, intersecção vital com os fantasmas da cultura como crenças, costumes, soluções para o medo da morte, formas de reparação e neutralização da violência e da onipotência, mediadas de critérios de êxito extremamente subjetivos, conflito fundamental entre um saber que deve expandir e uma prática especializada, que se deve restringir; limites das áreas de atuação muitos imprecisos e ser vítima de estigma popular.
A doença mental tem sua origem endógena, dentro do organismo, e refere-se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico cerebral. Fala-se, mesmo, na química da loucura, e inúmeras pesquisas nesse sentido estão em andamento. Nessa abordagem, algum distúrbio ou anomalia da estrutura ou funcionamento cerebral leva a distúrbios de comportamento, da afetividade e do pensamento. Nesse sentido, existem mapas cerebrais que localizam em cada área cerebral funções sensoriais, motoras, afetivas, de intelecção. Segundo Lenkau (1976),  nos extremos da pobreza e da riqueza os índices de saúde física e mental medem a saúde social.
Inúmeras têm sido as ocorrências de agravo à saúde mental relacionadas com o trabalho, cujas causas básicas repousam em fatores subjetivos e psicossociais. A morbidade psiquiátrica tem se revelado um importante dado a compor estatísticas de auxílio-doença no Brasil, podendo-se atribuir tal fato às situações de tensão vivenciadas coletivamente no trabalho, as quais se traduzem em adoecimentos individualizados.
 Observados a partir de uma perspectiva epidemiológica, os cruzamentos dos registros de absenteísmo com as observações clínicas e os registros dos serviços médicos permitem identificar duas situações distintas: a ocorrência elevada de crises desencadeadas por situações no interior das empresas e caracterizadas por episódios clínicos agudos: "crises nervosas", taquicardia, "distonia neurovegetativa", hipertensão arterial e até infartos cardíacos. Tais períodos de crise são verificáveis justamente em situações de trabalho que exacerbam o cansaço e a tensão emocional. São, portanto, reações à ansiedade causada por determinadas circunstâncias de trabalho. Situações em que há maior prevalência de distúrbios da esfera psíquica. Dizem respeito a certos setores de atividades, profissões ou formas de organização do trabalho em que os riscos mentais se evidenciam em função de fatores de risco que interagem na situação de trabalho.
É necessário considerar que tais problemas de morbidade têm caráter cumulativo e atuam tanto em nível individual quanto em termos coletivos de trabalho. Segundo Sucre & Goldenberg (1976), as mudanças políticas e sociais definem a saúde mental e física pública.
A conexão entre a instância psíquica e os vários âmbitos das esferas sociais são assim sintetizados Há uma interação dinâmica e contínua entre instância psíquica (individual) e experiência laboral (coletivo micro-social). As dinâmicas que se processam articulam vivências individuais que, pela via da intersubjetividade, atingem a instância coletiva. O sofrimento vivenciado pelos trabalhadores devido a essas conexões dá ensejo para que, no nível coletivo, duas formações tenham lugar: o chamado sistema coletivo de defesa contra o sofrimento e o sistema de resistência emancipatória e de compromisso ético.
Em muitos momentos da vida de uma pessoa, podem-se viver situações difíceis e de sofrimento tão intenso que se pensa que algo vai arrebentar dentro de si, que não vai suportar, que vai perder o controle sobre si mesma, que vai enlouquecer. Isso pode ocorrer quando se perde alguém muito próximo e querido, em situações altamente estressantes, em que o indivíduo se vê com muitas dúvidas e não percebe a possibilidade de pedir ajuda e/ou resolver sozinho tal situação.
A pessoa, então, busca a superação desse sofrimento, o restabelecimento de sua organização pessoal e de seu equilíbrio, isto é, o retorno às condições anteriores de sua rotina, em que não tinha insônia, não chorava o tempo todo, não tinha os medos que agora tem, por exemplo. Embora esse sofrimento seja intenso, não é possível falar de doença nessas situações. É necessário ter muito cuidado para não patologizar o sofrimento. Situações como essas todos podem vivê-las em algum momento da vida e, nessas circunstâncias, o indivíduo necessita de apoio de seus grupos (família, trabalho, amigos), isto é, que estes grupos sejam "continentes" de seu sofrimento e de suas dificuldades e que não o excluam, não o discriminem, tornando ainda mais difícil o momento que a pessoa vive.
Além do apoio do grupo, o indivíduo pode necessitar de uma ajuda psicoterapia, no sentido de suporte e facilitação da compreensão dos conteúdos internos que lhe causam o transtorno, o que poderá levá-lo a uma reorganização pessoal quanto a valores, projetos de vida, aprender a conviver com perdas, frustrações e a descobrir outras fontes de gratificação na sua relação com o mundo. Neste modo de relatar e compreender o sofrimento psíquico, fica claro que o critério de avaliação é o próprio indivíduo e seu mal-estar psicológico, isto é, ele em relação a si mesmo e à sua estrutura psicológica, e não o critério de adaptação ou desadaptação social.
Esse indivíduo que sofre pode estar perfeitamente adaptado e continuar respondendo a todas as expectativas sociais e cumprir todas as suas responsabilidades. Ao mesmo tempo, pode-se encontrar um outro indivíduo que, mesmo sendo considerado socialmente desadaptado, excêntrico, diferente, não vivencia, neste momento de sua vida, nenhum sofrimento ou mal-estar relevante. O indivíduo consegue lidar com suas aflições intensas, encontrando modos de produção que canalizam este mal-estar de forma produtiva e criativa.
Assim, embora o sofrimento psicológico possa levar à desadaptação social e esta possa determinar uma ordem de distúrbio psíquico, não se pode, sempre, estabelecer uma relação de causa e efeito entre ambos. Isto torna questionável a utilização exclusiva de critérios de adequação social para a avaliação psicológica do indivíduo enquanto normal ou doente. Abordar a questão da doença mental, neste enfoque psicológico, significa considerá-la como produto da interação das condições de vida social com uma trajetória específica do indivíduo, de sua família, dos demais grupos e das experiências significativas e sua estrutura psíquica.
Nessa abordagem da doença, os quadros patológicos são exaustivamente descritos no sentido de quais distúrbios podem apresentar. Por exemplo, a psicastenia é caracterizada por esgotamento nervoso, com traços de fadiga mental, impotência diante do esforço, inserção difícil do real, cefaléias, distúrbios gastrointestinais, inquietude, tristeza. E, finalmente, se a doença mental é simplesmente uma doença orgânica, ela será tratada com medicamentos e produtos químicos. Ao lado da medicação, deve-se lembrar que ainda são usados os eletrochoques, os choques insulínicos e, em casos mais graves, o internamento psiquiátrico, para uma administração controlada e intensiva de medicamentos.
Segundo Moffatt (1981), o sujeito é invadido por uma experiência de paralização ou descontinuidade da percepção de sua própria vida como história coerente. Não é possível discutir a questão da normalidade e da patologia sem retomar as condições de Freud para a questão.
Para a Psicanálise, o que distingue o normal do patológico é uma questão de grau e não de natureza, isto é, nos indivíduos "normais" e nos "anormais" existem as mesmas estruturas de personalidade e de conteúdos, que, se mais, ou menos, "ativadas", são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo. Essas são as estruturas neuróticas e psicóticas. Freud tomou a terminologia da Psiquiatria clássica do século XIX e definiu os quadros clínicos da seguinte forma:
·         Neurose
Os sintomas de distúrbios do comportamento, das idéias ou dos sentimentos são a expressão simbólica de um conflito psíquico que tem suas raízes na história infantil do indivíduo, mesmo que não sejam apresentados nessa fase, desencadeados por vivências, situações conflituosas, etc. Há casos em que a neurose está associada a conflitos infantis de ordem sexual. A análise de neuroses infantis possui um interesse teórico particularmente alto. Proporciona-nos, por assim dizer, ajuda no sentido de uma compreensão adequada das neuroses dos adultos.
·         Psicose
A Psicanálise refere-se a uma perturbação do indivíduo na relação com a realidade. Na psicose, acontece uma ruptura entre o ego e a realidade, ficando o ego sob domínio do “id”, isto é, dos impulsos entre aquilo que o indivíduo é, ou foi de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou ter sido). A expressão doença mental, como tem sido usada na mídia, inclui todo e qualquer desvio do comportamento, desde abuso de álcool e drogas até quadros psicóticos. Em senso estrito (e correto), deve-se falar de doença mental quando se refere a quadros definidos de alterações psíquicas qualitativas como, por exemplo, a esquizofrenia, as doenças afetivas (antes chamadas de psicose maníaco-depressiva) e outras psicoses.
Por outro lado, existem alterações quantitativas, como a deficiência mental e os transtornos de personalidade, que representam "desvios extremos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona como os outros".
Nos dois modelos explicativos anteriores – Psiquiatria clássica e abordagem psicológica – está implícita a questão dos padrões de normalidade, isto é, embora as duas teorias se diferenciem quanto à concepção de doença mental e suas causas, elas se assemelham no sentido de que ambas supõem um critério do que é normal.
Responder a isso significa dizer que determinadas áreas do conhecimento científico estabelecem padrões de comportamento ou de funcionamento do organismo sadio ou da personalidade adaptada. Esses padrões ou normas referem-se a médias estatísticas do que se deve esperar do organismo ou da personalidade, enquanto funcionamento e expressão. Essas idéias ou critérios de avaliação constroem-se a partir do desenvolvimento científico de uma determinada área do conhecimento e também a partir de dados da cultura e do comportamento do próprio observador ou especialista, que nesse momento avalia este indivíduo e diagnostica que ele é doente.
Segundo Machado (1978), para medir o que é ou não razoável em uma conduta será preciso compará-lo com ela mesma e com outros comportamentos comumente aceitos em dada sociedade e em dado momento histórico.
Estima-se que cada ser humano tenha de 50.000 a 100.000 genes diferentes. Alterações nesses genes ou nas combinações deles podem produzir distúrbios genéticos. Esses distúrbios são classificados em quatro grupos importantes: distúrbios cromossômicos, distúrbios monogênicos, distúrbios multifatoriais e distúrbios mitocondriais. Desses principais tipos de doenças, os distúrbios monogênicos foram os que receberam mais atenção na presente pesquisa. Estes distúrbios classificam-se de acordo com o modo pelo qual são herdados nas famílias (autossômicos dominantes, autossômicos recessivos e ligados ao cromossomo X).
É importante observar, porém, que embora alguns distúrbios genéticos sejam profundamente determinados pelos genes, muitos outros resultam de múltiplos fatores genéticos. Pode-se, portanto, pensar nas doenças genéticas como se situando ao longo de um contínuo, onde distúrbios como as distrofias musculares de Duchene estão situadas em uma extremidade (fortemente determinados por genes); na outra extremidade estão os distúrbios fortemente determinados pelo ambiente, como as doenças infecciosas. A maioria dos distúrbios mais prevalentes, como muitos defeitos de nascimento e doenças comuns, fica na metade do contínuo. Essas doenças são produto de graus variados de influências, tanto genéticas quanto ambientais.
Segundo Leavel & Clark (1976), qualquer enfermidade ou condição mórbida no homem é resultado de um processo dinâmico. As doenças do trabalho ou doenças ocupacionais profissionais são aquelas decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais. Elas se caracterizam pelo nexo causal entre os danos observados na saúde do trabalhador e a exposição a determinados riscos ocupacionais.
O trabalho forma a identidade do indivíduo; a profissão do indivíduo caracteriza o seu ser, por isso, diferentes espaços de trabalho oferecidos constituem-se em oportunidades diferenciadas para a aquisição de atributos qualificativos da identidade de trabalhador. Do ponto de vista psicológico, o trabalho provoca diferentes graus de motivação e satisfação, principalmente quanto à forma e ao meio no qual ele desempenha a tarefa.
À medida que o indivíduo está inserido no contexto organizacional, está sujeito a diferentes variáveis que afetam diretamente o seu trabalho. Atualmente, existe uma preocupação na saúde do indivíduo neste contexto, pois se relaciona, principalmente, com a produtividade da empresa. Ou seja, para que se atinja produtividade e qualidade, é preciso ter indivíduos saudáveis e atribuídos de qualidade. Em contrapartida, a organização atua de forma onde muitas vezes pressiona-se o indivíduo, levando-o a estados de doenças, de satisfação e de desmotivação.
LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbios Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho) são afecções que acometem tendões, músculos, ligamentos, fáscias e nervos de origem ocupacional, que resultam em dor, fadiga e queda de performance no trabalho e muitas vezes agravada por fatores psíquicos.
Stress é uma reação do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais que ocorre quando surge a necessidade de uma adaptação grande a um evento ou situação de importância. Este evento pode ser algo negativo ou positivo. A origem do stress está ligada na formação do sistema límbico, responsável pelas emoções. Basicamente, existem duas fontes de stress: as fontes internas e as fontes externas.
 Os agentes estressores que vêm de dentro do ser provêm das chamadas fontes internas. São os pensamentos do indivíduo frente aos eventos do dia-a-dia, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade, suas crenças, seus valores, suas características pessoais, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades, sua ansiedade e seu esquema de reação à vida.
 Os agentes estressores que vêm de fora do ser provém das chamadas fontes externas. Como fontes externas, têm-se os acontecimentos da vida como morte e nascimento, realização de um grande sonho, divórcio, ou qualquer outra coisa que lhe aconteça e que venha a mobilizar o seu corpo e a sua mente.
O stress ocupacional é um processo de perturbação ocasionado pelo movimento excessivo de energia adaptativa do indivíduo diante das solicitações do meio, portanto, o stress ocupacional tem origem na relação indivíduo e ambiente de trabalho. 
O stress há muito que faz parte da realidade das organizações, e constitui-se como um "vírus" que inibe o potencial humano, o chamado "mindware", otimização das capacidades de pensamento e de ação dos indivíduos nas organizações. Alterações no ritmo cardíaco e pressão arterial, problemas respiratórios, diminuição de eficácia do sistema imunológico, artrite, maior freqüência de gripes e constipações, dores nas costas e na cabeça, dores musculares, úlceras, cansaço físico e esgotamento.
O stress sentido pelos indivíduos nem sempre tem origem na empresa onde trabalham. Pode tratar-se de crises familiares, conflitos sociais, acontecimentos de grande impacto na vida pessoal, como a morte de familiares, dívidas por pagar, ou o desempenho do papel de mãe/pai. Estas são algumas das fontes de stress que podem vir a manifestar-se na organização com um forte impacto nos custos visíveis e ocultos que esta suporta.
A palavra Workaholic vem da língua inglesa e significa “viciado em trabalho”. É uma gíria derivada da palavra alcoholic, que quer dizer “alcoólatra”. Workaholic então é um viciado em trabalho. Entre tantos motivos que levam a tal situação estão a competição, a busca de poder e status, a realização profissional e, às vezes, a maior razão, para muitas pessoas: a fuga de problemas íntimos ou familiares.
Workaholics  são pessoas que fazem do trabalho a sua principal razão de viver, ou seja, o indivíduo passa a ter compulsão pelo trabalho. Geralmente, são pessoas severas, isoladas, inflexíveis, perfeccionistas, amargas e exageradamente "realistas". Por causa dessas características, os workaholics racionalizam tudo na vida, ocultam seus próprios sentimentos, têm um contato mínimo com eles próprios e mantêm abafados seus conflitos íntimos.
A maior conseqüência em ser um workaholic é a deterioração da qualidade de vida e também daqueles que o cercam. A pessoa só começa a perceber que está se autodestruindo quando identifica algum quadro de estresse, depressão, isolamento, úlcera ou problemas cardíacos.
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente, da aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas desse relacionamento. Os objetivos práticos são a segurança, a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com os sistemas produtivos. O objetivo da ergonomia é investigar aspectos do trabalho que possam causar desconforto aos trabalhadores e propor modificações nas condições de trabalho, para torná-las confortáveis e saudáveis. Para isso, a ergonomia utiliza técnicas de Análise Ergonômica do Trabalho, que são:
·         Ergonomia do produto: Concepção de produtos ergonomicamente adequados para utilização pelos usuários dos mesmos.
·         Ergonomia de produção: Aplicada aos processos produtivos e ao estudo do trabalho em ação.
·         Ergonomia de correção: Visa à correção de inadequações ergonômicas existentes nos meios e processos de trabalho.
·         Ergonomia de Concepção: Atua na concepção de produtos e processos de trabalho, objetivando sua criação de acordo com os conhecimentos ergonômicos.
·         Ergonomia de Mudança: Refere-se a um processo ergonômico contínuo numa organização.
Do choque entre a história individual, com projetos, esperanças e desejos, e uma organização do trabalho que o ignora, resulta um sofrimento, que se traduz em insatisfação, medo, angústia do trabalho, enfim, explicitando a relação entre o aparelho psíquico e o trabalho. França (1997) afirma que o bem-estar psíquico provém de um livre funcionamento em relação ao conteúdo da tarefa. Assim, se o trabalho é favorável a esse livre funcionamento, existe o equilíbrio; se houver oposição, será fator de sofrimento e de doença.
Nesse âmbito é que se insere a psicopatologia do trabalho: o sofrimento está no centro da relação psíquica do homem com o trabalho. Não se trata de eliminar esse sofrimento da situação de trabalho, nem tampouco eliminar o trabalho. Entre outras diretrizes, a psicopatologia trata das conseqüências mentais do trabalho, mesmo na ausência de doenças. Trata-se do impacto da organização científica do trabalho sobre a saúde mental do trabalhador. O principal fator determinante da psicopatologia do trabalho é a própria organização do trabalho, geradora do conflito na medida em que ocorre que se opõe o desejo do trabalhador à realidade limitada do trabalho. A destruição desse desejo se dá em função de dois pontos cruciais: o conteúdo das tarefas e as relações humanas.
Devido a que grande parte das evidências epidemiológicas sustentam um efeito positivo de um estilo de vida ativo e/ou do envelhecimento dos indivíduos em programas de atividade física e exercícios, na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento, os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde.
Não se pode pensar hoje em dia em "prevenir" ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que além das medidas gerais de saúde se inclua a atividade física. Esta preocupação tem sido discutida não somente nos chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo, como também nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
A qualidade de vida no trabalho é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho.
A origem do conceito vem da Medicina Psicossomática, que propõe uma visão integrada e holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes. No contexto do trabalho, esta abordagem pode ser associada à ética da condição humana, e busca desde a identificação, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais observáveis no ambiente de trabalho, carga física e mental requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas, dinâmica de liderança e do poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento e satisfação no trabalho (RODRIGUES, 1999).
As doenças organizacionais, por suas conseqüências, têm se apresentado como um dos fatores de maior preocupação para a sociedade e organizações na atualidade, por afetarem a produtividade e a lucratividade das organizações, e pelo dano social que as mesmas causam, uma vez que afetam profundamente o indivíduo nos âmbitos, profissional, social e familiar.
Por se tratarem de problemas de ordem física e psicológica, e pelo fato das alterações de saúde serem geradas de uma ordem para outra, ou seja, problemas físicos produzem alterações mentais, emocionais e comportamentais, da mesma forma que problemas emocionais podem levar a sérias desordens orgânicas – as doenças psicossomáticas –, comumente relacionadas ao stress, é que o administrador moderno deve ter a preocupação de desenvolver nas organizações projetos e programas que venham a combater ou atenuar a incidência de doenças organizacionais.
Na medida em que as condições gerais de vida e o avanço da ciência têm contribuído para controlar e tratar muitas das doenças responsáveis pela mortalidade, a população tanto dos países desenvolvidos como da maioria dos países em desenvolvimento tem incrementado nos últimos anos a sua expectativa de vida. Esta tendência global tem levado a que a ciência, os pesquisadores e a população em geral procurem cada vez mais "soluções" para tentar minimizar ou se possível evitar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo do envelhecimento ou estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia nas últimas décadas da vida. A pesquisa realizada nos últimos 20 anos tem analisado praticamente todos os aspectos referentes à saúde, à aptidão física e às doenças e ao processo de envelhecimento (SUCESSO, 1998).


Para determinar as causas e a importância epidemiológica com que as doenças ocorrem em uma comunidade, faz se mister estudar as inter-relações entre os elementos que compõe a tríade ecológica: o agente, o hospedeiro e o ambiente, nas diversas etapas de sua evolução. A epidemiologia possibilita a avaliação das medidas de profilaxia, propiciando dados para os diagnósticos, apresentando subsídios para a verificação da consistência das hipóteses de causalidade, e estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade nas comunidades. Isto faz esta ciência o fulcro da saúde pública moderna.

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